terça-feira, 24 de abril de 2012

Efêmera, de Tulipa Ruiz: espetacular




A cantora Tulipa Ruiz
Tulipa é um gênero de plantas angiospermas (plantas com flores) da família das liláceas. Com cerca de cem espécies, as tulipas têm folhas que podem ser oblongas, ovais ou lanceoladas (em forma de lança). Do centro da folhagem surge uma haste ereta, com flor solitária formada por seis pétalas. Cores e formas são bem variadas. Existem muitas variedades cultivadas e milhares de híbridos em diversas cores, tons matizados, pontas picotadas, etc.

Efêmeras são aquelas transitórias, passageiras ou que duram pouco tempo. O antônimo de efêmera é duradouro, prolongado e distante e essa palavra, efêmera, também está relacionado com tempo delicado, feminino, afeminar.

Tulipa Ruiz é uma cantora e, diga-se de passagem, excelente compositora, uma das melhores que o Brasil já conheceu. Filha de Graziella Ruiz, escritora, Tulipa apareceu tardiamente no cenário musical, mas veio muito bem acompanhada por familiares e amigos muito próximos, cujo já estão na estrada há um tempo e com sucessos garantidos, caso de Tiê, Céu, Thalma de Freitas, Mariana Aydar e Anélis Assumpção, filha do maravilhoso compositor e cantor Itamar Assumpção, morto em 2003. Vale ressaltar que o pai de Anélis, Itamar, é responsável pelos maiores sucessos de Ná Ozzetti, Zélia Duncan e Virgínia Rosa. Seu pai, Luiz Chagas, é o responsável pela faixa mais longa do disco, porém, a mais bonita e dançante  e que nos leva a um som meio roqueiro, meio abusivo e muito estiloso, que recebeu o título de Às Vezes. Ao ouvirmos esta música, uma sensação de que a Jovem Guarda está presente é notório. Chagas também ganha vivacidade, além das composições, da sua potente guitarra, que dá uma sonoridade extra em algumas boas faixas.

Efêmera: singelo e maravilhoso
Efêmera (2010 / YB / 22,90) veio para comprovar a essência de Tulipa Ruiz, que anda fazendo um certo barulho com sua musicalidade simples e rica ao mesmo tempo, com um sabor de quero mais, um sentido maior de encantamento profundo e mistérios por parte desta cantora simplesmente maravilhosa. O disco é recheado por músicas belas, redondamente bem compostas, tendo um começo, meio e fim e por uma suavidade, um refinamento e uma pronúncia muito bem elaboradas por Tulipa. O disco não poderia receber outro nome senão Efêmera, que de passageiro não tem absolutamente nada.

Efêmera, que abre o disco, é a prova disso: deliciosamente harmoniosa, o timbre de Tulipa penetra em nossos poros, dando a dimensão de sua mensagem e deixando evidente que nada realmente é temporário. Pontual, que segue na segunda faixa, prontamente é uma crítica moralmente reconhecível, mas de uma forma contextuada, uma comédia romântica que trata da falta de pontualidade das pessoas até para ir ao cinema e perder a sessão das dez! Pedrinho é a mais divertida e sensual, desses tipos de Pedros que encontramos ao nosso lado sempre, que é amigo, companheiro, cúmplice e que pode ser nosso amante também.

Já na faixa Aqui tem uma particularidade: ao final da canção, tem uma citação a uma música de Caetano Veloso cantada no CD Livro (1997), chamada How Beautiful Could A Being Be, cujo não consta nos créditos. Só sei Dançar Com Você foi gravada primeiramente pela delicada Tiê no seu segundo disco de carreira, A Coruja e o Coração (2011), e a canção tem a participação vocal de Zé Pi. Exceto pela música Às Vezes, composta por Luiz Chagas, todas as outras faixas foram compostas por Tulipa Ruiz sozinha ou na companhia de Gustavo Ruiz, seu irmão. Tendo a tiracolo participações especiais, como Duani, marido de Mariana Aydar, Kassin, Tatá Aeroplano e Iara Rennó, o disco só poderia sair do forno com uma qualidade refinada, com um gosto de quero mais e com a nítida certeza de que Tulipa veio para ficar.

O disco de Tulipa é uma graciosidade: além de várias tulipas desenhadas por várias cantoras e amigas, como Ná Ozzetti, Tiê e pela própria Tulipa, ela foi considerada uma das 50 melhores cantoras da década e seu CD é classificado como Pop Florestal, um gênero criado como brincadeira pela cantora. Músicas de altíssima qualidade, com determinação e garra, com sentimentalismo aflorado à flor da pele e com muito chão pela frente de poder mostrar todo o seu carisma e seu talento, esperemos que Efêmera não seja temporário e que venha outros discos igualmente a este ou melhores que este.



 
Faixas

·       1 - Efêmera (Gustavo Ruiz / Tulipa Ruiz)

·       2 – Pontual (Tulipa Ruiz)

·       3 – Do Amor (Gustavo Ruiz / Tulipa Ruiz)

·       4 – Pedrinho (Tulipa Ruiz)

·       5 – A Ordem Das Árvores (Tulipa Ruiz)

·       6 – Sushi (Luiz Chagas / Tulipa Ruiz)

·       7 – Brocal Dourado (Gustavo Ruiz / Tulipa Ruiz)

·       8 – Aqui (Tulipa Ruiz)

·       9 – Às Vezes (Luiz Chagas)

·       10 – Da Menina (Tulipa Ruiz)

·       11 – Só Sei Dançar Com Você (Tulipa Ruiz)

ü  Part. Especial de Zé Pi



Nota 10

Efêmera / Tulipa Ruiz



Marcelo Teixeira

Nenhum comentário: