Latino, no início de carreira |
No
início da década de 90, o Brasil teve o desprazer de conhecer um cantor
medíocre e de péssima personalidade, com suas danças andrógenas e seus
passinhos de gazela amofinada. Fomos obrigados a participar daquele carnaval
fora de época, daquela carniça com bigodinho enfadoso e ridículo e com umas
roupas bregas, tão bregas, que ficava impossível não rir da caricatura de um
homem alto, com cabelinho de lado e franjinhas esdrúxulas. Com o pseudônimo de
Latino, nome artístico este que pegou bem para o seu modelito na época, o
cantor conseguiu criar um novo conceito de ritmo brasileiro (na qual até hoje
muita gente não consegue distinguir o que é esse tal ritmo) e conseguiu
desbancar o pagode, que estava em alta e derrubar de vez o rock nacional.
Latino nasceu Roberto de
Souza Rocha e em um dia muito especial: 2 de fevereiro, dia de Yemanjá. Porém a
santa, protetora dos mares, trouxe a oferenda para o lado contrário e despejou
para nós o lixo que consumimos até os dias de hoje. Com uma musicalidade que
flerta com o funk, o sertanejo, o pagode e a música brega, Latino ainda tenta
se encontrar em um estilo próprio e com marca registrada. Não é fácil ser
Latino: ele consegue, num mesmo disco, emplacar sucessos que a massa encefálica
desumana não entende por ser ruim, pejorativa, desumana e hostil. O público de
Latino é único e transgressor, porque atiça a libido, mas não consegue usufruir
de nada culturalmente.
Suas modalidades musicais só
comprovam o que ele já conseguiu demonstrar em vida de cidadão normal e que não
é preciso postar aqui neste artigo. Mas Latino, um cantor tão vulgar quanto
suas criações, gosta de humilhar as mulheres, expor ao ridículo as crianças e
deixar os homens pouco a vontade com suas peripécias. Latino é aquilo que não
gostaríamos nunca de comprar e seus discos são péssimos, horripilantes e
incoerentes. De péssima formação cultural, o cantor conseguiu deixar muita
gente horrorizada com a qualidade musical de quando ele iniciou sua carreira,
com o que ele anda cantando agora.
Latino hoje: show de horrores |
De fato, quando Latino
surgiu com as músicas Me Leva e Só Você, todos se renderam aos seus
encantos, seus charmes e seu talento. Sua música era uma novidade para todos e
era uma nova alternativa para afundar o rock nacional e desbancar o já
cansativo pagode (que se tornaria, alguns anos mais tarde, como uma febre
nacional). Foi uma grata surpresa para aqueles que não tinham um ritmo, uma
dança, um cantor à frente das telas fazendo coreografias sensuais (o último
talvez fora Sidney Magal) e Latino estava ali para dar uma resposta a essas
pessoas. Uma espécie de salvador da pátria.
Desde que a lambada, criada
por Beto Barbosa nos anos 80, foi praticamente extinguida, não existiu outro
ritmo dito caliente para que as pessoas pudessem mostrar um pouco da sua
própria sensualidade. Latino teve esta superexposição, graças à falida lambada,
que teve, entre outros cantores famosos à época como a Gretchen, Sarajane, Luíz
Caldas e isso para ficarmos nos mais famosos. Latino, com sua dancinha
horrorosa e seus dotes artísticos de péssimo nível, conseguiu montar um público
ainda mais horroroso e com péssimo nível educacional. Mas não posso criticar
somente o público e sim o cantor, que coleciona mulheres, filhos e uma
miscelânea de ritmos, assim como é retratada suas músicas: um lixo.
Marcelo
Teixeira
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