segunda-feira, 2 de abril de 2012

Guerreira, de Clara Nunes



Guerreira, de 1978: o melhor disco de Clara
É muito difícil sugerir uma obra que Clara Nunes tenha deixado para a posteridade como sua obra maior e fica ainda mais difícil ao ouvirmos toda a sua coleção. São discos tão exemplares e tão singulares que a sensação que temos é que Clara, em toda a sua existência como cantora e interprete, deixou uma lista com músicas excepcionais e discos exemplares. Mas um disco em particular entra para a galeria dos melhores discos de sua carreira e de amantes da MPB e do Samba. Um disco incomparável, inconfundível e que não nos cansa nunca. Talvez pela sua magia, talvez pela sua força, talvez pela sua sensibilidade, Clara Nunes deixa para os fãs o disco Guerreira, que é o melhor de sua carreira.

Guerreira (1978 / EMI – Odeon / 24,99) é um disco que fala de amor, tradição aos orixás, da força de uma mulher que está a frente de suas origens, da humildade em se fazer canção. Clara está cantando mais e melhor e a cada faixa a sensação que fica é que Clara Nunes estava dando o melhor de sua vocação como interprete sensacional que fora e que não tinha noção deste detalhe. O disco Guerreira entrou para a lista dos mais vendidos de sua carreira, com 1.011.005 cópias vendidas. No álbum estão reunidos os melhores compositores, os melhores músicos e os melhores da música popular brasileira.

O álbum é primordial. Samba de primeira grandeza, o disco é um patrimônio que deve ser cultivado e o respeito pela obra e persona de Clara alçado ao patamar único. Guerreira não fala somente dos tributos aos santos, mas também do amor perdido, do amor reprimido, da luta de um povo sofrido e das tradições de uma humanidade. Um disco que merece destaque hoje e sempre pela sua magnitude, seu semblante e sua sapiência. Clara, ao lançar Guerreira, não tinha certeza e muito menos consciência, da responsabilidade que estava traçando. O disco é ótimo.

Não adianta traçar aqui o melhor do disco ou a melhor faixa. A melhor coisa a se fazer é adquirir o álbum e degusta-lo, se servir do que há de melhor no samba e na carreira desta grande mulher. Mas ouçam com atenção as faixas como se fosse ultima vez em sua vida. A estranheza de que Clara não está mais entre nós é o motim para que este disco sirva de exemplo a cantoras novatas. A sensação de que Clara está cantando melhor também é nítido e de uma emoção grandiosa. A percepção é de que Clara está aqui, do nosso lado, cantando em nosso ouvido.

Hoje Clara Nunes está completando 29 anos de morte. E o Mais Cultura! homenageia a Guerreira, com o disco de mesmo nome e que lhe deu um dolo ainda maior: o de maior cantora do Brasil através deste disco importante para todos.



Faixas



·       Guerreira (João Nogueira / Paulo César Pinheiro)

·       02. Mente (Eduardo Gudin / Paulo Vanzolini)

·       03. Candongueiro (Wilson Moreira / Nei Lopes)

·       04. Outro recado (Candeia / Casquinha)

·       05. Zambelê (Catoni / Rosa Maria Silva)

·       06. Quem me ouvir cantar (Aniceto da Portela)

·       07. Jogo de Angola (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

·       08. Ninguém (Paulo César Pinheiro)

·       09. Moeda (Romildo Bastos / Toninho Nascimento)

·       10. Amor desfeito (Gisa Nogueira)

·       11. O bem e o mal (Nelson Cavaquinho / Guilherme de Brito)

·       12. Tu que me deste o teu cuidado (Capiba / Manuel Bandeira) Poemas de Manuel Bandeira



Nota 10

Guerreira / Clara Nunes

Marcelo Teixeira

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