Caravana Sereia Bloom: ótimo disco |
O
terceiro disco da cantora CéU, Caravana Sereia Bloom é totalmente
diferente do primeiro, CéU (2005), que tinha muitas
experimentações voltadas a tradicional MPB e muito próximo de Vagarosa
(2009) no quesito sonoridade e ritmos diversificados, como o haitiano e o
jamaicano. Mas o novo disco de CéU, Caravana Sereia Bloom (2012 /
Universal Music / 25,99) é, acima de tudo, um estilo diferente na arte de se
fazer musica no Brasil. Mesclando ritmos e estilos não encontrados em outra cantora
brasileira, CéU conseguiu fazer um disco com tanta desenvoltura e musicalidade,
que fica difícil não dizer que ela é uma cantora merecedora de méritos. Com
este novo disco, ela realça ainda mais seu brilho como musicista e também como
compositora competente que é.
O disco abre com Falta de Ar, uma canção perfeita e que
martela em nossa mente, tanto em ritmo quanto em melodia. A letra de Gui Amabis
(marido de CéU) é tão caprichada e simples, que fica impossível não
cantarola-la diversas vezes. A batida desta música é única e o refrão em marte eu vou descer é divertido
pacas. Amor de Antigos é uma canção
bonita e talvez a mais caprichada de todo o disco, tanto em harmonia como em
sensação de clima jamaicano. Asfalto e
Sal também nos trás aquela sensação de que a música haitiana entrou
definitivamente para o comportamento de CéU, que junta com a sonoridade
brasileira, transformando a canção na mais pura beleza. Retrovisor é uma canção
de amor reprimido, partido e que tem uma mensagem cortante.
Contravento é
ótima e talvez a melhor faixa do disco. Nesta música, CéU reinventa a forma de
cantar sustenidamente e ainda por cima recria a velha forma de rimar sem pecar.
Palhaço, grande composição de Nelson
Cavaquinho e cantada com estrondoso sucesso por Clara Nunes na década de 70,
faz de CéU uma cantora única: brilhantismo e romantismo em uma canção que
merece destacamento pela mensagem simplória e rica ao mesmo tempo. A
interpretação de CéU ficou magnífica. Baile
de Ilusão e Chegar em Mim são
estilos haitianos com levada brasileira, mais parecendo um hip hop ou um
suingue mais requintado e que não deixam a desejar no disco.
Como em todos os seus outros
discos, CéU canta algumas faixas em inglês e, mesmo ela jurando que não pensa no
mercado internacional, suas músicas são todas belas regravações de canções
muito conhecidas lá fora. Em 2009 foi considerada pela revista Época um dos 100
brasileiros mais influentes de 2009, vendendo mais de 25 mil cópias na Europa
e, 100 mil nos Estados Unidos. Em Caravana Sereia Bloom, o teclado jazzista
cede lugar a um tecladinho mais fuleiro,
como ela mesmo define, e toda a ginga africana é substituída pelo brega – forte
influência do guitarrista Fernando Catatau, que ainda integra a sua banda,
dando um ar de nordestinidade ao álbum, o que não faz perder sua magia. Tudo
isso sem esquecer da pitada de malemolência, que tanto lhe é peculiar.
Caravana Sereia Bloom
deixa no retrovisor o suingue quebrado da estreia homônima e a psicodelia dub
de Vagarosa
e dá lugar a mais guitarras e um clima norte-nordestino brasileiro. O disco
abre, logo de cara, com uma canção robertiana, meio jovem guarda. Falta de Ar é rock, mas com uma
malemolência que só a paulistana parece alcançar. A leve mudança de sonoridade
trouxe novidades para o público: CéU se firma como uma das melhores e
magistrais cantoras de todos os tempos. Inclusive do seu próprio tempo.
Faixas
· 1 - Falta de Ar (Gui Amabis)
· 2- Amor de Antigos (Céu)
· 3 - Asfalto e Sal (Céu / Gui Amabis)
· 4- Retrovisor (Céu)
· 5- Teju Na Estrada (Gui Amabis)
· 6- Contravento (Lucas Santtana / Gui
Amabis)
· 7 - Palhaço (Nelson Cavaquinho / Oswaldo
Martins / Washington)
·
8 - You Wont’t Regret It (Lloyd Robinson / Glen Brown)
·
9 - Sereia (Céu)
·
10 - Baile de Ilusão (Céu)
·
11 - Fffree (Céu)
·
12 - Streets Bloom (Lucas Santtana)
· 13 - Chegar em Mim (Jorge Du Peixe)
Nota Dez
Caravana Sereia Bloom /
CéU
Marcelo Teixeira
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