Tempos áureos de Gal |
Quando
Gal Costa conheceu Caetano Veloso e sua irmã Maria Bethânia em 1963, e com
eles, Gilberto Gil e Tom Zé, ela não sabia o que esperaria destas amizades. Não
sabia, talvez, da responsabilidade que teriam para com o Brasil e com o
movimento que inventariam na década de 1960. E montaram o espetáculo musical Nós,
por Exemplo, em 1964. No ano seguinte o grupo foi para São Paulo, onde,
sempre ligados, cada um seguiu sua carreira solo. Gal gravou o primeiro compacto em 1965, com Eu Vim da Bahia (Gilberto Gil) e Sim, Foi Você (Caetano Veloso).
Participou do I Festival Internacional da Canção em 1966, ano em que seu
empresário Guilherme Araújo a convenceu a adotar o nome artístico Gal, e não
mais Maria da Graça. Gravou o LP Domingo com Caetano em 1967,
participou do movimento tropicalista e explodiu nacionalmente como cantora em
1968, quando sua interpretação de Divino
Maravilhoso (Caetano/ Gil) ganhou o terceiro lugar no IV Festival de Música
Popular Brasileira da Record.
Além disso, Baby, composta por Caetano
especialmente para Gal, tornou-se muito popular. Em 1969, com a ida de Caetano
e Gil para o exílio na Inglaterra, ligou-se também a outros compositores como
Jards Macalé, e lançou o LP Gal. Ainda muito associada à música
e ao público de Caetano e Gil durante os anos 70, em 1979 o disco Gal
Tropical inaugura uma nova fase em sua carreira, mais popular e
comercial, para um público mais amadurecido. Passou pela década de 80 como
absoluta no rol das estrelas de primeira grandeza da música popular brasileira,
chegando a ser considerada por alguns como a maior cantora do Brasil. Com repertório
eclético, gravou Jorge Ben Jor, Cole Porter e compositores então iniciantes,
como Carlinhos Brown.
Outra virada em sua carreira
foi em 1994, com o CD O Sorriso do Gato de Alice, menos
pelo disco e mais pelo show de lançamento, que, dirigido por Gerald Thomas,
mudou radicalmente o estilo das apresentações de Gal, e foi bastante criticado.
No ano seguinte Gal desistiu de experimentalismo e lançou Mina D'Água do Meu Canto
(dedicado ao repertório de Chico Buarque e Caetano Veloso) com um show
convencional. Na década de 90 continuou se consagrando como uma das cantoras
mais vendidas do Brasil. Em seus mais de 35 anos de carreira, Gal Costa foi
intérprete de grandes sucessos como Vapor
Barato (Jards Macalé/ Waly Salomão), Meu
Nome É Gal (Roberto/ Erasmo Carlos), London
London (Caetano), Deixa Sangrar
(Caetano), Folhetim (Chico Buarque), Balancê (J. de Barro/ A. Ribeiro), Índia (J. Flores/ M. Guerrero/ J.
Fortuna), Festa do Interior (Moraes
Moreira/ Abel Silva) e Vaca Profana
(Caetano).
Desde a década de 1960,
quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV
Record) até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo
sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos registravam
índices recordes de audiência. Gal Costa participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses
momentos marcantes da televisão. O programa exibiu uma série de entrevistas e
musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de
então abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável
preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Gal Costa, Elis Regina,
Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna e as
participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que
protagonizaram o seriado Malu Mulher.
Em 1980 Gal gravou o disco Aquarela
do Brasil, focado na obra do compositor Ary Barroso, e que trouxe hits
como É luxo só (Ary Barroso - Luiz
Peixoto), Aquarela do Brasil, Na Baixa do
Sapateiro, Camisa amarela e No
tabuleiro da baiana (todas de Ary Barroso). Em 1981 Gal estreou o show Fantasia,
um grande fracasso de crítica, mas que gerou um dos mais bem sucedidos discos
de sua carreira, tanto de público quanto de crítica, o premiado Fantasia,
que trouxe vários sucessos, como Meu bem
meu mal, Massa real (ambas de Caetano Veloso), Açaí, Faltando um pedaço (ambas de Djavan), O amor (Caetano Veloso - Ney Costa Santos - Vladmir Maiakovski), Canta Brasil (David Nasser - Alcir Pires
Vermelho) e Festa do interior (Moraes
Moreira - Abel Silva). Com o grande sucesso do disco, Gal convidou Waly Salomão
para dirigir o show Festa do Interior que a redimiu do grande fracasso do show Fantasia.
Em 1982 Gal gravou outro
disco de sucesso, Minha Voz, em que se destacaram as gravações de Azul (Djavan), Dom de iludir, Luz do sol (ambas de Caetano Veloso), Bloco do prazer (Moraes Moreira - Fausto
Nilo), Verbos do amor (João Donato e
Abel Silva) e Pegando fogo (Francisco
Mattoso - José Maria de Abreu). Em 1983 Gal grava outro disco bem sucedido
comercialmente, Baby Gal, que também se tornou um show, e que trouxe os sucessos
Eternamente (Tunai - Sérgio Natureza
- Liliane), Mil perdões (Chico
Buarque), Rumba louca (Moacyr
Albuquerque - Tavinho Paes), além da regravação de Baby.
Em dezembro de 2011 lança o
álbum Recanto, produzido por Caetano Veloso e Moreno Veloso. Álbum
eletrônico idealizado por Caetano Veloso, Moreno Veloso e Kassin. Elogiadíssimo
pela crítica foi eleito o melhor álbum de 2011. Depois de sete anos longe de
disco e show inéditos, Gal Costa estreou a turnê do elogiado álbum Recanto no
Rio de Janeiro no final do mês de março. Com direção de Caetano Veloso, autor
de todas as músicas do CD, o show inaugurou a sofisticada casa Miranda. No
repertório, além de canções inéditas como Neguinho,
Segunda, Tudo dói e o funk Miami
Maculelê, sucessos da carreira da cantora, entre eles, Dia de domingo e Vapor barato,
e canções que há muito ela na cantava, como Da
maior importância e Mãe. No
palco, Gal está acompanhada pelo trio Domenico Lancellotti (bateria e MPC),
Pedro Baby (guitarra e violão) e Bruno Di Lullo (baixo e violão). O show segue
em turnê pelo país e segundo a cantora deve em breve passar por Portugal,
Itália, França e Israel.
Gal é uma das maiores
cantoras do Brasil e entra para o terceiro lugar na seleta lista das maiores
cantoras do Brasil.
3º
Lugar: Gal Costa
As
30 Maiores Cantoras do Brasil de Todos os Tempos
Marcelo
Teixeira
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