A musa da Bossa Nova: Nara |
A
musa da bossa nova era Nara Leão. A musa do verão era Nara Leão. Copacabana era
Nara Leão. Rio de Janeiro era Nara Leão. Falar de Roberto Menescal é falar de
Nara Leão. Nas décadas em que mais se fervia a bossa nova, mais se falava de
Nara Leão. A Bossa Nova nasceu em reuniões no apartamento dos pais da cantora,
em Copacabana, das quais participavam nomes que seriam consagrados no gênero,
como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e seu então namorado, Ronaldo
Bôscoli. No fim dos anos 1950, Nara foi repórter do jornal Última Hora, onde
Bôscoli também trabalhava, e que pertencia a Samuel Wainer, casado com a irmã
de Nara, Danuza Leão. O namoro com Bôscoli terminou quando ele a traiu e
iniciou um caso com a cantora Maysa, durante uma turnê em Buenos Aires, em
1961. Daí em diante, Nara se reaproxima de Carlos Lyra, que rompeu a parceria
musical com Bôscoli em 1960, e de ideias mais à esquerda. Inicia um namoro com
o cineasta Ruy Guerra e se casa com ele um tempo depois. Nessa época passa a se
interessar pelo samba de morro.
A estreia profissional se
deu quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na
comédia Pobre Menina Rica (1963). O
título de musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista Sérgio Porto.
Mas a consagração efetiva ocorre após o movimento militar de 1964, com a
apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João do Vale e
Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime
militar. Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no ano seguinte,
interpretando Carcará, pois Nara precisara se afastar por estar afônica.
Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos anos
1960. De musa da Bossa Nova, passa a ser cantora de protesto e simpatizante das
atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE. Embora os CPCs já tivessem
sido extintos pela ditadura, em 1964, o espetáculo Opinião tem forte influência do espírito cepecista. Em 1966,
interpretou a canção A Banda, de
Chico Buarque no Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), que ganhou
o festival e público brasileiro.
Dentre as suas
interpretações mais conhecidas, destacam-se O
barquinho, A Banda e Com Açúcar e com
Afeto - feita a seu pedido por Chico Buarque, cantor e compositor a quem
homenagearia nesse disco homônimo, lançado em 1980. Nara também aderiu ao
movimento tropicalista, tendo participado do disco-manifesto do movimento - Tropicália
ou Panis et Circensis, lançado pela Philips em 1968 e disponível hoje
em CD.
Nara. Simples assim... Nara.
Nara Leão morreu na manhã de
7 de junho de 1989, vítima de um tumor cerebral inoperável, aos 47 anos de
idade. Nara já sabia do tumor, e sofria com o problema havia 10 anos. O tumor
estava numa área delicada do cérebro, por isso não podia ser operado. A cantora
sentia fortes dores e tonturas, sendo isso também um contribuinte para Nara
tentar largar a carreira musical. Seu último disco foi My foolish heart,
lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.
Nara se foi, mas ficará
eternizada em nossos corações, nossas canções e em nossa lembrança mais tenra.
15º
Lugar: Nara Leão
As
30 Maiores Cantoras do Brasil de Todos os Tempos
Marcelo
Teixeira
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