A Divina Elizeth |
Não
houve e nem haverá uma cantora igual ou do nível de Elizeth Cardoso. Conhecida
como A Divina, Elizeth é considerada uma das maiores intérpretes da música
brasileira e um das mais talentosas cantoras de todos os tempos, reverenciada
pelo público e pela crítica. Além do choro, Elizeth consagrou-se como uma das
grandes intérpretes do gênero samba-canção (surgido na década de 1930), ao lado
de Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero,
comparado ao bolero, pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento
de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo ou fossa. O
samba canção antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de
1950, 1957). Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas
melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da
dor-de-cotovelo e da melancolia.
Elizeth migrou do choro para
o samba-canção e deste para a bossa nova gravando em 1958 o LP Canção
do Amor Demais, considerado primordial para a inauguração deste
movimento, surgido em 1957. O antológico LP trazia ainda, também da autoria de
Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Chega de Saudade, Luciana, As Praias Desertas e
Outra Vez. A melodia ao fundo foi composta com a participação de um jovem
baiano que tocava o violão de maneira original, inédita: o jovem João Gilberto.
Em 1960, gravou jingle para
a campanha vice-presidencial de João Goulart. Nos anos 1960 apresentou o
programa de televisão Bossaudade (TV Record, Canal 7, São Paulo). Em 1968
apresentou-se num espetáculo que foi considerado o ápice da carreira, com Jacob
do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio, no Teatro João Caetano, em benefício
do Museu da Imagem e do Som (MIS) (Rio de Janeiro). Considerado um encontro
histórico da música popular brasileira, no qual foram ovacionados pela platéia;
long-plays (Lps) foram lançados em edição limitada pelo MIS. Em abril de 1965
conquistou o segundo lugar na estréia do I Festival de Música Popular
Brasileira (TV Record) interpretando Valsa
do amor que não vem (Baden Powell e Vinícius de Moraes); o primeiro lugar
foi da novata Elis Regina, com Arrastão.
Serviu também de influência para vários cantores que viriam depois, sendo uma
das principais a cantora Maysa.
Elizeth Cardoso lançou mais
de 40 LPs no Brasil e gravou vários outros em Portugal, Venezuela, Uruguai,
Argentina e México.
Em 1987, quando estava em
uma excursão no Japão, os médicos japoneses diagnosticaram um carcinoma
gástrico, o que obrigou a cantora a uma cirurgia. Apesar disso, a doença ainda
a acompanharia durante os três últimos anos de vida. A cantora faleceu às 12h28
do dia 7 de maio de 1990, na Clínica Bambina, no bairro carioca de Botafogo.
Foi velada no Teatro João Caetano, onde compareceram milhares de fãs. Foi sepultada,
ao som de um surdo portelense, no Cemitério do Caju.
Com tantos méritos e
prestígios e alegrias, Elizeth deixou um vazio enorme na música popular
brasileira, mas ainda hoje é reverenciada por muitas cantoras de verdade, que
sabem fazer música com o coração e com a alma de uma artista brasileira.
Chegando ao décimo segundo lugar, Elizeth é e sempre será a nossa eterna divina
cantora.
12º
Lugar: Elizeth Cardoso
As
30 Maiores Cantoras do Brasil de Todos os Tempos
Marcelo
Teixeira
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