Ótimo disco de Mallu |
Mallu
Magalhães sempre me chamou atenção. De longe ouvia falar de seu nome, de toda a
estória do MySpace, das suas composições, da sua adolescência que se misturava
com sua habilidade em consertar seus próprios instrumentos musicais. Ao fim
tive contato com sua voz infantil, meio amanteigada – que ao invés de entrar
pelos nossos ouvidos, escorrega, devagarinho. E confesso que achei o máximo! Quando
pinta um único olho de azul nos seus shows, Mallu me faz lembrar Rita Lee –
garota mutante com seus coraçõezinhos no rosto na sua fase Tropicália. Mas
Mallu me lembra também Bethânia, que aos 16 anos subiu no palco do Teatro
Opinião. Essas intervenções feitas por criaturas tão jovens são de uma ternura
incrível, porque o limite entre a brincadeira e a coisa séria, entre o medo e
coragem, são muito tênues.
Seu disco é muito delicado,
gostoso mesmo de ouvir. Muitas das músicas parecem ter sido compostas com alto
teor de amor no sangue. My home is my man
é rock retrô, forte, guitarra presente em volume alto. Tudo rapidinho e aos
poucos o som vai desbotando. Shine Yellow
é outra de que gosto muito! Meio reggae, com sopros e percussões.
Esse segundo disco parece um
tanto autobiográfico e Make it easy
deixa claro isso. A música bastante blues começa com um assovio, como um
calmante para a alma na hora de enfrentar a mãe. O disco, forte, às vezes
parece meio complicado, as faixas por vezes não harmonizam a beleza do disco e
muitas das vezes, Mallu se perde na própria voz e nesta fase, ela ainda não
conheceria Marcello Camelo mais à fundo (isso veio acontecer depois e desta união
estável de marido/mulher, nasceu o ótimo Pitanga).
Make
it easy: essa é a minha favorita! Música de uma paz incrível e a
ideia de transformar em canção essa angústia feminina na hora de encarar o
tamanho do amor, é maravilhosa. E o vocal masculino é do (ainda) namorado.
Bee
on the grass me lembra um tanto o som dos Beatles, slow,
cheio de sopros, vozes abafadas e borbulhentas, como se drogas psicodélicas
estivessem navegando pelas superfícies líquidas dos nossos canais. Outra muito
boa, country total é You ain’t gonna loose me.
E o disco acaba com O herói, o marginal. Sua canção mais
forte, linda, com um arranjo definitivo. E aí Mallu Magalhães quase deixa seu
tom de menina e entra fortalecida, viajando na sua própria voz, cresce e
termina. E outra vez, Tropicália!
Mallu
Magalhães / Mallu Magalhães
Nota
10
Marcelo
Teixeira
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