O melhor de Cazuza está neste álbum |
Ezequiel
Neves, grande amigo de Cazuza (e eu cismo em dizer que foi o descobridor do
artista), conseguiu morrer no mesmo
dia, 7 de julho, que o amigo. Cazuza morreu no dia 7 de julho de 1990 e
Ezequiel no dia 7 de julho de 2010 e junto com Nico Resende (também tecladista
no disco), produziu esse primeiro disco solo de Cazuza, chamado de Cazuza,
mas conhecido como Exagerado. E Exagerado seria um excelente nome de
disco, mais ainda sendo de quem é. A essa altura, não preciso explicar quem é,
o que fez antes, de quem ele é filho etc. Aqui vamos escutar e comentar esse
disco de estreia, muito muito bom. O gosto de caju extrapolava o
blues/rock’n’roll do Barão Vermelho e, consequentemente, o levou à carreira
solo, onde poderia flertar com a MPB, o samba, Dolores Duran, Lupicínio
Rodrigues, Cartola, bossa-nova etc. Agenor de Miranda Araújo Neto lançou 5
discos em 4 anos, alguns dos quais serão resenhados aqui. Conta muito a
urgência de saber-se soropositivo, numa época em que a sobrevida era bem menor.
O disco tem uma sonoridade
mais limpa, menos rock do que os do Barão, mas ainda não tão MPB quanto os
posteriores. Começa bem, Exagerado é
um clássico, parceria brilhante com Ezequiel e Leoni. Também tem um solo
belíssimo, curto e expressivo. Cúmplice
é a canção seguinte, pop, legal. Mal
nenhum é das melhores, parceria com Lobão: Eu não posso causar mal nenhum, a não ser a mim mesmo, o óbvio
eventualmente parece genial, principalmente em certas matérias sensíveis,
tendentes à histeria, como aqui no caso, as drogas.
Balada
de um vagabundo, parceria de Frejat e Waly Salomão, legal
também, pop também. Destaques: maracujá
de gaveta num prédio vazio num terreno baldio, um vício só pra mim não basta/ é uma inflação de amor incontrolável.
Segue a belíssima e açucarada Codinome
Beija Flor, parceria com Ezequiel e Reinaldo Arias. Conhecidíssima, mas
ainda boa de ouvir. Prendia o choro e
aguava o bom do amor. Pra mim, um clássico do cancioneiro de Cazuza.
Desastre
mental tem uns timbres de guitarra mais pesados no começo,
alternando com uma calma nos versos. Legal. Seguem três parcerias com Frejat: Boa vida, pop nada demais; Só as mães são felizes, blues censurado
(você nunca sonhou ser currada por
animais/ nem transou com cadáveres/ nem quis comer a sua mãe) e muito legal
– mesmo que eu prefira a versão do Barão; e Rock
da descerebração, que também foi gravada pelo Barão num ao vivo excelente.
Viva
Cazuza e Ezequiel!
Nota
10
Marcelo
Teixeira
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