Marina de La Riva é uma cantora brasileira, filha de uma mineira com um cubano. Desta mistura entre Brasil e Cuba nasceu uma das cantoras mais promissoras de todos os tempos e de um novo ritmo e estilo na música popular brasileira. Esta combinação resultou em um maravilhoso disco e alçou Marina ao topo das novas cantoras brasileiras ao patamar único de dividir espaço com grandes nomes da nossa música. Pudera: Marina de La Riva canta muito bem, é afinada e tem músicas tão harmoniosas, saudáveis e cabíveis de um senso comum que fica impossível não levar em conta seu talento e carisma.
Marina de La Riva (2007 / Universal Music / 38,99) é o primeiro disco de sua carreira, que leva seu próprio nome. Neste álbum tem diversos estilos como a rumba, a marcha-frevo, o samba, a habanera, a conga, o baião, o afoxé e o cool jazz latino, fazendo uma miscelânea entre a música brasileira com a música cubana. O resultado é tão satisfatório, tão belo e gracioso, que fica difícil não dizer o contrário. Marina canta bem e seu primeiro álbum tem uma capa e contracapa perfeitas, com descrições importantes e com fotos marcantes e sensíveis.
Homenagens a Luiz Gonzaga na música Adeus, Maria Fulô, a Carmen Miranda e a Dona Ivone Lara dão a dimensão da grandeza deste disco de estreia. Marina mostra que não está, definitivamente, para brincadeiras e que fazer músicas de verdade são o motim para demonstrar isso. Lançar um disco é a coisa mais complicada, ainda mais quando não se tem um padrinho ou alguém que possa divulgar o disco, mas Marina teve a sorte de escolher um bom repertório, mostrar a nós, brasileiros, a verdadeira música cubana em canções que expressam todo o sentimento cubano em letras que falam de carinho, amor e esperança. Marina de La Riva pinçou do passado músicas que já estão batidas, cansadas e regradas a exaustão por diversos cantores da MPB e as renovou, deu novo som e brilho e misturou com canções que são muito populares por aqui, como as de Cuba.
A grande surpresa deste disco é o cantor e compositor Chico Buarque, que adora participar de discos de cantoras desconhecidas ou de fazer duetos com as mesmas. Isso aconteceu com Roberta Sá, Thaís Gullín, Fernanda Porto e a sobrinha Bebel Gilberto e no passado ajudou Zizi Possi e Elba Ramalho a se encontrarem na MPB. Chico participa da canção Ojos Malignos em um dueto pra lá de sensacional. Ter a honra e a satisfação de ter um cantor à altura de Chico Buarque não é mérito para qualquer um e Marina soube aproveitar o cantor em uma música linda, charmosa e romântica.
Marina de La Riva Ao Vivo Em São Paulo (2010 / Universal Music / 32,99) veio como uma segunda consagração para a cantora. Casa extremamente lotada, fãs entusiasmados e uma banda afinadíssima, Marina de La Riva soltou a bela voz em canções já consagradas e conhecidas do primeiro disco e as juntou com canções que fizeram um charme a parte neste álbum ao vivo, como Adivinha o Quê?, de Lulu Santos e Bloco do Prazer, que fez a alegria de Gal Costa nos anos 80 e que Monique Kessous a regravou recentemente e a fez ficar famosa com sua bela regravação mais pausada.
Marina de La Riva é uma cantora brasileira com sangue cubano, que consegue nos passar a atmosfera de um país que tenta deixar a imagem de conservadorismo selvagem e de um regime fechado marcado por guerras interiores e massacres sangrentos. No meio disso surge triunfal uma das cantoras que luta contra este regime, que luta por melhorias, que luta pelo fim do exílio de seu pai naquele país e que segue cantando brilhantemente sem rancor ou mágoas e sem um pingo de arrependimentos.
Marina de La Riva
********Oito Estrelas
Marina de La Riva Ao Vivo Em São Paulo
*******Sete Estrelas
Marcelo Teixeira
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