sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Alexandre Pires: de pagodeiro a fútil.

O pagodeiro Alexandre Pires
Depois de pagodear com o Só Pra Contrariar e fazer o país inteiro matar baratas e ver aquele bigodinho ridículo com aquele cabelinho de lado, depois de tentar a carreira solo com pagodinhos românticos melados e sem açúcar, depois de tentar uma carreira internacional sem sucesso e depois de amargar com o lado latino brega pagodeiro, Alexandre Pires tenta uma volta triunfal para o cenário musical, mas outra vez ficará a mercê das tentativas. Hoje Alexandre Pires não vinga mais, não é mais aquele artista empolgante ou que satisfaz plateias inalteradas com seu gingado ou com sua voz. Alexandre Pires canta bem, tem timbre, é esforçado, mas infelizmente seu estilo pouco importa ou pouco acrescenta para a cultura brasileira hoje em dia. Depois de amargar um pequeno ostracismo generalizado, voltou romântico, porém esnobe, orgulhoso e febril e isso não foi nada benéfico a sua carreira, pelo contrário: foi a pior volta possível que um cantor poderia obter. Primeiro porque Alexandre Pires tentou ser um galã da música contemporânea, rótulo este que ele nunca obterá e segundo porque Alexandre Pires já deu o que tinha que dar na música pagodeira ou romântica ou seja lá o que for que ele queira representar.
Somos obrigados a compartilhar a vergonha alheia a qual Alexandre Pires está fadado a fazer: uma dancinha escrota, imbecil, inútil e sem graça com um monte de macacos fantasiados dançando ao seu redor, com mulheres seminuas por todos os lados e com uma coreografia insana, incapaz de ser reproduzida aqui. Alexandre Pires canta, dança, movimenta os macacos dançantes e sorri desde o começo até o final da canção como se ele mesmo estivesse gostando da palhaçada a qual está interpretando. A vergonha está tão nitidamente incoerente, que o próprio cantor se sente envergonhado quando termina a canção. Mãos para cima, corpo para o lado, gestos obscenos, macacos dançantes, Alexandre Pires com boina e camiseta regata estilo verão, sorrindo, enfadonho, para uma câmera sem ação.
Fica difícil imaginar o porquê Alexandre Pires resolver fazer essa canção, mas em sua própria explicação, o cantor diz que foi como uma brincadeira: compôs a canção e juntamente com amigos resolveu fazer uma zoação e o resultado é tão chulo, intolerante, incapaz, chucro, que fica a pergunta no ar: merecemos isso? Um país com tantos cantores inúteis e burros, com tantos parangolés e joelmas e chimbinhas e pagodeiros e cantores sem estilo, com tantos artistas esdrúxulos e não merecedores de aplausos, por que Alexandre Pires, com um histórico razoável de um patamar errôneo, nos aparece e nos apresenta uma dança sem graça e sem fundamentos?
Que a carreira do ex-pagodeiro está fadada ao esquecimento, disso todo mundo sabe, mas tentar uma volta à mídia fazendo um apelo comercial tão apelativo e antissocial é demarcar o próprio território para o falecimento geral de suas atividades. Que Alexandre Pires possa conhecer de perto o verdadeiro significado da palavra mico para que tenha a nítida certeza da burrada que fez com sua própria carreira. E ao invés de macacos dançantes, o que ele deveria homenagear eram galinhas voadoras iguais as que ele tem ao seu lado atualmente.

Marcelo Teixeira.

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