Morreu um mestre da música |
Pessoas especiais não morrem.
Pessoas especiais são eternas. Jair Rodrigues morreu. Mas não morreu o artista,
não morreu o cantor, não morreu o moleque que dançava, corria, pulava,
instigava, cantava. Jair Rodrigues deixou um legado e tanto para a música
popular brasileira: deixou sua marca ao lado da cantora Elis Regina,
definitivamente nos festivais, marcou o início do rap no país, deixou sua
pegada no samba brasileiro e, de quebra, entrou de cabeça erguida no sertanejo.
Jair Rodrigues passeou por todos os ritmos brasileiros e em todos ele foi muito
bem sucedido. Aos 75 anos, o cantor estava em alta, fazendo shows, feliz. No
Brasil apenas dois cantores tem a capacidade de cantar com amor, emoção,
carinho e devoção: Ivete Sangalo e Jair Rodrigues. Grande ícone da música, Jair
partiu e deixará uma lacuna insubstituível. Ainda não dá para acreditar em sua
morte, tão rápida e tão batida. Em momentos tão amargos neste mundo, tão
delicados e tão comuns, o incomum aconteceu em um momento que não era para ser:
sua morte não é uma morte nem uma passagem. Ele descansou. Descansou o nosso
eterno moleque, nosso eterno garoto fanfarrão, nosso eterno Jair. Na música,
ele misturava tudo e tudo dava certo. Sua voz ainda estava saudavel. Sua emoção
ainda era passada para todos. Jair Rodrigues era o clima que o tornava
brasileiro, moderno, atual, significativo.
Cantores como Jair, assim como Elis, Caetano Veloso, Milton Nascimento,
Roberto Carlos serão eternos e serão eternos porque na época deles fazer música
era complicado. Se houve um Chico Buarque, uma Nara Leão, um Paulinho da Viola
é porque houve público para eles. Assim como houve até hoje público e espaço
para o Jair. Nunca mais teremos a chance de ver um astro da música popular
brasileira surgir como surgiu um Jair Rodrigues, que mesmo tantos anos depois,
continuava na ativa, fazendo shows com plateia lotada e cativando crianças e
adolescentes e fazendo dos novos artistas uma colisão de aprendizagem e arte.
Confesso que não sei o que escrever, pois as lágrimas me tomam neste exato
momento. Mas não vamos fazer da morte de Jair uma tristeza sem fim. Não aceito
sua morte. Mas o suspiro me faz acreditar que não o teremos mais por perto
fisicamente. Suas músicas serão eternas. E Jair Rodrigues é eterno. Até logo,
Jair.
Adeus, Jair Rodrigues
Marcelo Teixeira
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