Sou (2008), um ótimo disco solo de Camelo |
Fim de domingo depressivo. É quando eu escrevo
os textos para os posts de segunda-feira, sabendo que esse metrô cheio de gente
(sim, iniciei este artigo num vagão de metrô), mas vazio de sentimentos, me
aguarda mecanicamente frio e esnobe, transformando qualquer esperança de
transportar-me decentemente nessa cidade em uma realidade bruta, barulhenta e
amarga. A trilha sonora para a viagem da segunda-feira sempre é mais especial.
Preciso do equilíbrio entre algo novo que estou começando a escutar e algo que
eu já ouvi muito, mas que não me canso de dar play de novo. E se tem um álbum
que eu não canso de escutar é o Sou do Marcelo Camelo. Assim como o Sweet
Jardim da Tiê, o Sou é o CD que naquele momento de não sei o que ouvir agora, preciso de algo
que me distraia o suficiente e não me faça querer pular nenhuma música, ele
sempre é uma das primeiras opções.
Estaria
sendo presunçoso demais se eu falasse que Marcelo Camelo é um dos maiores
gênios nacionais da atualidade. Mas é difícil algo me fazer mudar de ideia
quanto a isso. Claro que existem outros artistas geniais por aí, mas nada que
particularmente me faça ter a mesma sensação de quando ouço Los
Hermanos/Marcelo Camelo. Um cara qualquer, sem apelo midiático, que dispensa o
status de famoso pra ser reconhecido
pela música que faz; um cara que, antes de qualquer outra coisa, transmite
sentimento e emoção nas músicas. Interpretação da dor sem exageros, a saudade
transformada em música. Genial.
Ouvir
o Sou
me faz esquecer quem está a minha volta, ao mesmo tempo em que fico tentando
imaginar o que cada uma daquelas pessoas no metrô está sentindo no momento.
Será que elas estão felizes porque o time delas ganhou no domingo? Será que
estão tristes porque já é segunda-feira e as vidas delas continuam a mesma
merda? Envolto nesses pensamentos está o som calmo de músicas como Téo e a Gaivota dizendo que Toda dor repousa na vontade, todo amor
encontra sempre a solidão e Doce
Solidão, que associa a solidão à liberdade nos primeiros versos Posso estar só, mas sou de todo mundo.
Não
faltam elogios nem palavras pra falar sobre esse CD. E ultimamente as músicas
desse disco se tornaram tão especiais na minha vida, que me trazem boas e más
lembranças. As músicas Liberdade e Santa Chuva (música gravada com grande
emoção por Maria Rita em seu disco de estreia) carregam uma força emocional
muito grande, meus olhos ficam marejados toda vez que as ouço. Choro todas as
noites de saudade.
“É Deus, parece que vai ser nós dois até o final
Eu vou ver o jogo se realizar de um
lugar seguro”.
Marcelo
Camelo lançou nesse ano o segundo álbum solo dele, Toque Dela. Tem ótimas
músicas e futuramente quero escrever sobre ele também. Mas novamente associando
ao Sweet
Jardim da Tiê, o Sou (lançado originalmente em 2008)
é outro álbum de estreia que eu gosto muito mais do que o segundo CD. Só de
pensar que estão juntas as músicas Tudo
Passa, Janta (com a mulher Mallu
Magalhães), Menina Bordada, Copacabana,
Vida Doce, além das que eu citei acima e outras, não tem como pular uma
faixa sequer do CD, não tem como não gostar ou não se emocionar.
O
álbum tem algumas participações, como a de Dominguinhos no acordeom, duas
músicas no fim somente no piano, letras croniqueiras, de amor, de saudade, e
claro, o violão contagiante do Camelo em todas as composições. Não perca tempo,
não morra sem ouvir esse CD. O metrô se tornará um ínfimo problema enquanto
você estiver ouvindo-o.
Sou
/ Marcelo Camelo
Nota
10
Marcelo
Teixeira
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