sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sou, de Marcelo Camelo: Genial


Sou (2008), um ótimo disco solo de Camelo
Fim de domingo depressivo. É quando eu escrevo os textos para os posts de segunda-feira, sabendo que esse metrô cheio de gente (sim, iniciei este artigo num vagão de metrô), mas vazio de sentimentos, me aguarda mecanicamente frio e esnobe, transformando qualquer esperança de transportar-me decentemente nessa cidade em uma realidade bruta, barulhenta e amarga. A trilha sonora para a viagem da segunda-feira sempre é mais especial. Preciso do equilíbrio entre algo novo que estou começando a escutar e algo que eu já ouvi muito, mas que não me canso de dar play de novo. E se tem um álbum que eu não canso de escutar é o Sou do Marcelo Camelo. Assim como o Sweet Jardim da Tiê, o Sou é o CD que naquele momento de não sei o que ouvir agora, preciso de algo que me distraia o suficiente e não me faça querer pular nenhuma música, ele sempre é uma das primeiras opções.

Estaria sendo presunçoso demais se eu falasse que Marcelo Camelo é um dos maiores gênios nacionais da atualidade. Mas é difícil algo me fazer mudar de ideia quanto a isso. Claro que existem outros artistas geniais por aí, mas nada que particularmente me faça ter a mesma sensação de quando ouço Los Hermanos/Marcelo Camelo. Um cara qualquer, sem apelo midiático, que dispensa o status de famoso pra ser reconhecido pela música que faz; um cara que, antes de qualquer outra coisa, transmite sentimento e emoção nas músicas. Interpretação da dor sem exageros, a saudade transformada em música. Genial.

Ouvir o Sou me faz esquecer quem está a minha volta, ao mesmo tempo em que fico tentando imaginar o que cada uma daquelas pessoas no metrô está sentindo no momento. Será que elas estão felizes porque o time delas ganhou no domingo? Será que estão tristes porque já é segunda-feira e as vidas delas continuam a mesma merda? Envolto nesses pensamentos está o som calmo de músicas como Téo e a Gaivota dizendo que Toda dor repousa na vontade, todo amor encontra sempre a solidão e Doce Solidão, que associa a solidão à liberdade nos primeiros versos Posso estar só, mas sou de todo mundo.

Não faltam elogios nem palavras pra falar sobre esse CD. E ultimamente as músicas desse disco se tornaram tão especiais na minha vida, que me trazem boas e más lembranças. As músicas Liberdade e Santa Chuva (música gravada com grande emoção por Maria Rita em seu disco de estreia) carregam uma força emocional muito grande, meus olhos ficam marejados toda vez que as ouço. Choro todas as noites de saudade.



“É Deus, parece que vai ser nós dois até o final


 Eu vou ver o jogo se realizar de um lugar seguro”.




Marcelo Camelo lançou nesse ano o segundo álbum solo dele, Toque Dela. Tem ótimas músicas e futuramente quero escrever sobre ele também. Mas novamente associando ao Sweet Jardim da Tiê, o Sou (lançado originalmente em 2008) é outro álbum de estreia que eu gosto muito mais do que o segundo CD. Só de pensar que estão juntas as músicas Tudo Passa, Janta (com a mulher Mallu Magalhães), Menina Bordada, Copacabana, Vida Doce, além das que eu citei acima e outras, não tem como pular uma faixa sequer do CD, não tem como não gostar ou não se emocionar.

O álbum tem algumas participações, como a de Dominguinhos no acordeom, duas músicas no fim somente no piano, letras croniqueiras, de amor, de saudade, e claro, o violão contagiante do Camelo em todas as composições. Não perca tempo, não morra sem ouvir esse CD. O metrô se tornará um ínfimo problema enquanto você estiver ouvindo-o.



Sou / Marcelo Camelo

Nota 10

Marcelo Teixeira


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