Mariana Aydar: terceira colocação |
Criada
no ambiente artístico, Mariana sempre teve a música bastante presente como
fonte de expressão e liberdade. Uma espécie de conexão com o que não tem
palavras, uma expressão quase osmótica, sem regras. Estudou violoncelo e
musicalização infantil dos 10 aos 15 anos no Conservatório Musical do Brooklin.
Cursou o colegial na Escola Waldorf de São Paulo, conhecida pelo incentivo às
atividades artísticas, onde teve contato com o teatro, coral e artes plásticas.
Fez um ano da Faculdade Santa Marcelina, mas resolveu se dedicar a aulas mais
práticas na escola de música Groove, em São Paulo. Foi aos 20 anos que
descobriu que toda esta bagagem era uma desculpa para fazer o que mais gostava:
cantar. Em 2000, aos 20 anos, começou a cantar profissionalmente como backing
vocal do violeiro Miltinho Edilberto, cujo repertório era basicamente de forró.
Logo depois, comandou sua primeira banda, Caruá, também de forró, durante três
anos. Neste período, teve a oportunidade de dividir o palco com grandes nomes
da música popular brasileira, como Dominguinhos e Elba Ramalho. Foi também
backing vocal no trio elétrico de Daniela Mercury, no carnaval de 2004. Em
paralelo, integrava a banda do compositor paulistano Dante Ozzetti.
Aos 24 anos, se viu num
impasse: ou continuava o trabalho com a Caruá e gravava o primeiro disco da
banda ou procuraria o que realmente espelhasse a variedade de sua musicalidade.
Com um disco demo embaixo do braço, foi morar fora do Brasil, sozinha, para
buscar novas referências.
Optou por Paris pela
efervescência cultural e percebeu ter feito a escolha certa. Lá conheceu
músicas e músicos do mundo inteiro: africanos, asiáticos, franceses; foi um ano
de amadurecimento pessoal e, consequentemente, musical. Observar o Brasil com
um olhar estrangeiro foi muito importante para sua formação. Se já era
apaixonada pela música brasileira, se deu conta do valor do tesouro cultural
que tinha em volta de si, desde criança. Ainda em Paris, fez a curadoria de
programa de televisão brasileiro, onde recebia discos de todo o Brasil,
percebendo concretamente, à distância, um movimento cultural contemporâneo que
acontecia em seu país. Então sentiu-se pronta e inspirada para voltar e gravar
o seu primeiro álbum juntando as influências colecionadas ao longo da sua vida
e da vivência no exterior.
Assim nasceu o álbum Kavita
1, sob os cuidados dos produtores BiD e Duani Martins, com mixagens de
Mario Caldato e Luis Paulo Serafim. O trabalho de estreia reúne compositores da
antiga e da nova geração: João Nogueira, Paulo César Pinheiro e Eduardo Gudin (Minha Missão e Maior é Deus), João Donato e Lysias Ênio (Vento no Canavial), Leci Brandão (Zé do Caroço), Theo de Barros (Menino
das Laranjas), Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulo Antônio (Candomblé), Chico César (Prainha), Rodrigo Amarante (Deixa o Verão), Giana Viscardi e Michael
Ruzitshkal (Na Gangorra). No disco
está também Festança, sua primeira
composição, em parceria com Duani.
Kavita 1
teve uma ótima repercussão de público e crítica no Brasil e levou Mariana Aydar
novamente ao exterior. Recebeu resenhas elogiosas ao redor do mundo. Sobre a
receptividade no exterior, ela fica surpresa, mas reconhece que está cercada de
um abre-alas muito peculiar e especial: a genuína música brasileira. Seu som tem aspectos universais e
sofisticados, mas sem perder as raízes da música brasileira.
Irreverente, Mariana alcança o Bronze |
Depois de 2 anos
excursionando com sua banda, cantando com artistas como Ivan Lins, Emilio
Santiago e João Donato, Mariana decidiu que chegara a hora de voltar ao
estúdio. Novamente ao lado do parceiro músico e produtor musical Duani convidou
o produtor Kassin para o novo álbum, Peixes Pássaros Pessoas (2009),
lançado pela Universal Music. Juntou-se a compositores de sua geração que
admirava e quis falar do que sentia naquele momento através de 13 músicas
inéditas. Deste período de inspiração, também surgiram mais composições
próprias: Palavras não Falam, o samba
cotidiano Aqui em casa (em parceria
com Duani) e a introspectiva Tudo que eu
Trago no Bolso (em parceria com Nuno Ramos).
Continuando sua trajetória,
Mariana fez uma série de shows para testar novas músicas para seu terceiro CD
no final de 2010. Esse contato com o público deu a ela uma ideia do que queria
para o terceiro álbum. Mariana foi guiada pela intuição para criar o novo
disco. O álbum Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo que, costurado a partir de suas
composições, traz ainda canções de outros compositores que se integram ao
clima.
Produzido pelo
multi-instrumentista e parceiro desde o primeiro trabalho, Duani Martins, em
parceria com o maestro, compositor e arranjador Letieres Leite, da Orkestra
Rumpilezz, o CD gravado ao vivo em estúdio revela ritmos afro-brasileiros, além
da busca pelas origens sem perder o caráter contemporâneo. As contribuições não
param aí. A musicalidade de cada um dos integrantes da banda que participaram
do disco também se soma ao projeto, revelando a busca por algo autêntico e
rico.
O resultado é um trabalho
artesanal, misterioso e que está pronto para ser descoberto por seus ouvintes.
E por todos estes méritos e conquistas e boa musicalidade, que Mariana Aydar, a
grande revelação na MPB, consagra o terceiro lugar na lista das Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos, promovido
pelo Mais
Cultura!.
Troféu de Bronze
Terceiro lugar: Mariana
Aydar
As 20 Melhores Cantoras
dos Últimos 10 Anos
Marcelo Teixeira
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