segunda-feira, 19 de março de 2012

Respeitem os Cabelos de Chico César

Disco de 2002: o melhor de Chico César
Há uma diferença muito grande entre o Chico César de Mama África e o Chico César de Respeitem Meus Cabelos Brancos. O primeiro Chico surgiu como um meteoro na fusão intercambia entre o que era novo e o que poderia ser apenas uma aparição de um cantor maluco, porém culto. Com uma nova roupagem na música nordestina e se mostrando capaz de desenvolver um belo trabalho a frente do Nordeste, Chico César se firmou como o cantor e compositor mais bem representativo de sua época, não fazendo feio para aqueles que sempre o acharam meio estranho, com aqueles cabelos meio esquisito e com aquela roupa estilo africano.

Chico César é um cantor que merece respeito e não apenas por causa do cabelo, que se tornou uma marca registrada. Chico é culto e sabe compor muito bem e além de tudo é um grande defensor das causas perdidas. Hoje o Mais Cultura! faz uma justa homenagem ao disco que transforma a vida de Chico César para o que há de melhor na MPB e o deixa mais moderno, mais universal e mais autentico.

Respeitem Meus Cabelos Brancos (2002 / Abril Music / MZA Music / 29,99) é um disco sensacional e que nos mostra um Chico César à vontade com sua musicalidade, rica em detalhes nordestinos e ricos em atmosfera acadêmica unilateral. Visceral num todo, o disco prima pela riqueza de frases destinadas ao vocábulo de um povo sofisticado e culto e perene na forma de um evento mais humanitário. Chico acerta o tom de cores escuras para demonstrar a frieza com o qual suas frases intercalam com o protesto de suas canções, como na faixa título, aonde pede respeito com sua marca maior.

Quinto álbum da carreira, Chico convidou uma seleção de bambas para estar ao seu lado e o resultado é nitidamente perfeito. De Chico Buarque a Nina Miranda e Chris Frank, passando por Carlinhos Brown e tendo os parceiros Carlos Rennó, Vanessa Bumagny, Tata Fernandes, Milton de Biase e Bráulio Tavares, o disco não poderia ter resultado melhor e adequado.

Chico César está em sua melhor fase, com um disco tão perfeito e caprichado, que fica difícil voltarmos aos tempos de Mama África e lembrarmos suas danças espalhafatosas. Usando um belo terno com uma gravata que combina com a fina estampa do disco, Chico brinca entre o universo paralelo do cancioneiro nordestino e a sonoridade eletrônica em músicas que beiram o lirismo, a passagem do amor perdido, a música de protesto, o baião e o maracatu.

O respeito que Chico César pede neste disco é tão comum e particular que todos nós deveríamos fazer o mesmo: respeitar o próximo, seja ele quem for. Precisou um cantor como Chico se moldar e se reinventar para que a respeitabilidade fosse imperada num contexto geral. Ainda assim, sua musicalidade é única e demonstra a nós, ouvintes e amantes da boa música, um Chico César capaz de nos enfeitiçar, nos envolver, nos seduzir e o respeitar.



Nota 10

Respeitem Meus Cabelos Brancos / Chico César


Marcelo Teixeira

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