sexta-feira, 23 de março de 2012

O novo disco de Fabiana Cozza: merecedor de aplausos



Novo disco de Fabiana Cozza: merecedor
O samba é seu dom e ela sabe dar o recado perfeitamente quando o tema é música de verdade, de responsabilidade, de qualidade. Fabiana Cozza é o que há de melhor na nossa música popular brasileira e sua representatividade significa que o samba feito por mulheres consagradas por Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Alcione não está perdido. O samba tem nome, sobrenome e será muito difícil esquecermos uma interprete chamada Fabiana Cozza. Seu timbre de voz encanta e provoca sensações enérgicas tão equidistantes e sensíveis que é, de fato, uma presença marcante nos palcos e por onde passa. Fabiana veio para ficar em um reduto sambístico com pompas de honra, sendo vangloriada por muitos acadêmicos do segmento e louvada por fãs acalorados por seu gingado.

Com dois outros discos merecedores de aplausos efusivos, O Samba é Meu Dom (2004) e Quando o Céu Clarear (2007), Fabiana Cozza nos apresenta agora seu terceiro disco com a maestria da originalidade e mais um trabalho espetacular. Fica ainda mais difícil dizer que Fabiana é uma cantora passageira. Pudera: seus discos são obras-primas e de uma significância tão maravilhosa que nos deixa a sensação de que faltava algo para salvar o samba. Ou tentar.

Fabiana Cozza (2011 / Agô Produções / 25,90) é um disco delicioso por onde a cantora passeia entre o samba, o pagode, o partido alto, as crenças, os santos e a qualificação de um estilo único. Músicas caprichadas, compositores de primeira grandeza, harmonia e melodia e encantamento caminham de mãos dadas, como se mostrassem a Fabiana que o caminho a seguir era justamente aquele. E Fabiana está cantando melhor neste disco, deixando nítido que sua personalidade está equilibrada. Um disco tão perfeito que fica impossível ficarmos parados. O samba aparece na ponta do pé e a voz de Fabiana embala. E mais um disco destila todos os efeitos de que Fabiana Cozza é uma das melhores interpretes que este Brasil já conheceu.

A participação, assim como aconteceu em seu primeiro disco, de seu pai, Oswaldo dos Santos, emociona pela sensibilidade que a música exige. Pai e filha em um duelo marcante, voz magistral com voz potente num giro de palavras e sentimentos que nos deixam embasbacados e a certeza de que ainda teremos outros encontros como este. Mas o disco é muito mais. Fabiana regravou grandes bambas do samba, todos com a mesma intensidade e qualidade e respeito.

Ouçam com muita atenção as belas músicas deste disco, com destaque para Santa Bamba, a melhor faixa do disco. Mas ouçam, ouçam e cansam de ouvir Fabiana Cozza na sua melhor magnitude.

Fabiana Cozza é totalmente diferente do segundo álbum, Quando o Céu Clarear, mas muito próximo de O Samba é Meu Dom. Indiferente disso, as músicas que Fabiana canta neste seu terceiro disco são de uma competência única, espetacular e original.



Álbum Fabiana Cozza (2011)

·       Sandália Amarela (Wilson Moreira e Nei Lopes)

·       2. Lá fora (Elton Medeiros e Délcio Carvalho)

·       3. São Jorge (Kiko Dinucci)

·       4. Sabe Deus (Sombrinha, Marquinho PQD e Carlinhos Vergueiro)

·       5. Eternamente sempre (Sombrinha e Marquinho PQD)

·       6. Candeeiro de Deus (Roque Ferreira)

·       7. Festa do Zé (Sombrinha e Carlinhos Vergueiro)

·       8. Lupiciniana (Wilson das Neves e Nei Lopes)

·       9. Escudo (Wanderley Monteiro e Ivor Lancellotti)

·       10. Santa Bamba (Kiko Dinucci e Fabiano Ramos Torres)

·       11. Serenata de São Lázaro (Gilson Peranzzetta e Paulo César Pinheiro)

·       12. Solo Sagrado (Julio Marcos e Xuxu)

·       Narainã (Alvorada dos Pássaros) – (Ideval Anselmo, Jordão e Zecão)



Direção e Produção Musical: Paulão 7 cordas

 Produção Artística: Fabiana Cozza e Marcelino Freire



Nota 10

Fabiana Cozza / Fabiana Cozza


Marcelo Teixeira

Nenhum comentário: