sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Semana Elis: De tempestuosa a engraçada, Elis viveu as dores e os amores.


Elis ontem, com menos de 30 anos
Elis era uma constante. Vivia intensamente um amor e ao mesmo tempo o queria longe. Cantou o amor e as próprias dores. Era geniosa. Era piscinana e irritada. Gostava da solidão e gostava dos amigos por perto. Ria alto quando podia e ria da desgraça das pessoas quando queria. Odiava Maria Bethânia. Adorava Milton Nascimento, adorava tanto que o convidou a ser padrinho de Maria Rita. No início odiava Chico Buarque por sua timidez, mas depois passou a respeitá-lo. Odiava bossa nova. E odiava guitarras elétricas. Elis foi uma guerreira da voz, dos pensamentos, das frases cortantes e pulsantes em veias calmas e serenas. Elis foi uma mulher forte, determinada, sensível, frágil, amiga, mulher, esposa, mãe, cantora, atriz, diretora de seu próprio espetáculo. Revelou ao mundo cantores e compositores da melhor extirpe e deixou um legado jamais substituído na música popular brasileira. É lembrada como referência musical de nove entre dez cantoras atuais. E suas regravações são únicas, plausíveis de sentimentos, acalantadas pelo brilhantismo de sua competência e pelo teor magistral e potente de seu caráter. Elis foi gente. Elis viveu intensamente o amanhã pensando no presente. Elis foi de palavras. Elis foi de entusiasmos. Elis foi perigosamente uma cantora.
Elis hoje, com 64 anos.
Vivenciou momentos únicos. Riu, talvez, do espetáculo Quem Tem Medo de Elis Regina?, uma provocação de seu ex-marido Ronaldo Bôscoli, cujo teve a presença marcante de uma cantora novata, mas muito competente e que hoje está praticamente esquecida, chamada Claudia. Chorou quando nasceu seus filhos, João Marcelo, Pedro Mariano e Maria Rita. Chorou quando cantou Atrás da Porta e fez o Brasil se debulhar em lágrimas quando essa mesma interpretação calou os que a odiavam. Elis viveu em busca da perfeição musical. E ela talvez não soubesse que era tida como a maior estrela entre as estrelas. Elis puramente viveu.
Muitas cantoras tentaram o lugar de Elis Regina, mas todas vãs. Muitas cantoras da época se perderam após mais de vinte anos de morte da maior estrela da MPB. E nunca haverá uma cantora que ocupará a vaga deixada por Elis.

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