Quando Pedro Mariano lançou Voz no Ouvido (2000, Trama, 27,99), o mercado fonográfico logo se inquietou. O público e a crítica também se sentiram aliviados com os novos lançamentos, incluídos nesta seleção medalhões como Max de Castro e Wilson Simoninha, Luciana Mello e Jairzinho, Patrícia Marx entre outros. Filhos de cantores que fizeram sucesso no passado ou cantores que fizeram do passado seu ganha pão, ficaram esquecidos e voltaram à mídia após um jejum de muitos anos, esses cantores tiveram a incumbência de mostrar novidade misturado com qualidade e positividade ao público, tendo em vista que o pagode ainda reinava absoluto e o funk começava a tomar conta do poder musical.
Pedro Mariano lançou um disco que entraria para a história tanto dele quanto da gravadora, como dos fãs. Vendeu muito bem esse disco e ele entrou para a galeria dos melhores cantores da época. Pouco comentava-se sobre sua mãe, Elis Regina e as comparações. Seu pai, o músico Cesar Camargo Mariano, era o alvo principal, mas isso não o desagradava. O fato é que Voz no Ouvido trouxe uma nova sonoridade a ouvidos inquietos e cansados de tanto barulhos. E veio em um momento propício: a queda da qualidade de bons discos estava fazendo com que muitos aderissem ao pagode e a rocks antigos.
O disco é uma excelência pura. Pedro permutou músicas novas com canções que fizeram sucesso no passado, como Profissionalismo é Isso Aí, de João Bosco e Aldir Blanc, uma música totalmente alto astral e risonha e que não deixa nenhuma dúvida quanto à carreira futura do cantor. Fazendo Música, Jogando Bola é a derradeira do disco e cujo Os Novos Baianos a gravaram na década de 1970. Uma música que mostra toda a versatilidade de Pedro Mariano, deixando nítido que o músico não estava ali para brincadeiras.
Mas o sentimentalismo tristonho logo floresce nas belas canções Grande Amor, de Jairzinho, Tem Dó, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, Postal, de Cassiano e Preciso Ser Amado, de Tim Maia, um achado e tanto para o disco.
Pedro Mariano canta muito bem, exprime seus sentimentos, emoções e alegrias através da música, mas para a sua carreira, esse disco é o único que conseguiu alcançar o êxito de um belo trabalho. Antes de lançar Voz no Ouvido, lançou Pedro Camargo Mariano (1997, Epic / Sony Music, produto indisponível), cujo é de péssimo gosto, com músicas que não combinam com o estilo de vida dele e que não agrega nada a nossa cultura, mesmo tendo neste disco, músicas de alto calibre, como a de Lenine e Roberto Carlos. No mais, o disco é puro lixo, a começar pela capa e pelo encarte das fotos.
Após Voz no Ouvido, Pedro lançou Intuição (2002, Trama, 23,00) mas o que era bom ficou apenas no passado. Intuição, tendo Zélia Duncan dividindo uma música de Tom Jobim e composições de Jorge Vercilo, Fernanda Takai, Lulu Santos e Nelson Mota, não foi um disco merecedor de aplausos e deixou nítido que a partir deste álbum, todos os seus seguintes teriam ao menos uma canção de sua mãe, falecida em 1982. Neste Intuição, ele regrava 20 Anos Blues e no Cd que divide com o pai, Piano & Voz (2003, Trama, 25,99) regrava Se eu quiser falar com Deus, ao vivo.
A carreira de Pedro, que poderia ser brilhante e um dos melhores cantores do País, afundou-se ao terminar a turnê de Voz no Ouvido e iniciar na bestialidade de Intuição. Intuir que o futuro seja bom é um dever de todos, mas naufragar logo no início é perder todos os méritos e ser esquecido pelo grande público.
Oito Estrelas
Marcelo Teixeira.
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