Cesária Évora tinha quatro irmãos. O pai Justino da Cruz tocava cavaquinho, violão e violino. Quando jovem foi viver com a avó, que havia sido educada por freiras, e assim acabou passando por uma experiência que a ensinou a desconsiderar a moralidade excessivamente severa.
Entre os amigos estava B. Leza, o compositor favorito dos cabo-verdianos, que faleceu quando ela tinha apenas sete anos de idade. Desde cedo, Cise, como era conhecida pelos amigos, começou a cantar e a apresentar-se aos domingos na praça principal da cidade, acompanhada pelo irmão Lela, no saxofone. Mas a vida está intrinsecamente ligada ao bairro do Lombo, nas imediações do quartel do exército português, onde cantou com compositores como Gregório Gonçalves. Aos 16 anos, Cesária começou a cantar em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais, ganhou maior notoriedade em Cabo Verde, sendo proclamada a "Rainha da Morna" pelos fãs.
Aos vinte anos foi convidada a trabalhar como cantora para o Congelo - companhia de pesca criada por capital local e português -, recebendo conforme as actuações que fazia. Em 1975, ano em que Cabo Verde conquistou a independência, Cesária, frustrada por questões pessoais e financeiras, aliadas à dificuldade económica e política do jovem país, deixou de cantar para sustentar a família. Durante este período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo. Igualmente, Cesária chamou a esse período de tempo, os Dark Years.
A casa de Cesária Évora
Encorajada por Bana (cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar, atuando em Portugal. Em Cabo Verde um francês chamado José da Silva persuadiu-a a ir para Paris e lá acabou por gravar um novo álbum em 1988 "La diva aux pied nus" (A diva dos pés descalços) - que é como se apresenta nos palcos. Este álbum foi aclamado pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do álbum "Miss Perfumado" (1992). Desde então fixou residência na capital francesa. Cesária tornou-se uma estrela internacional aos 47 anos de idade.
Em 2004 conquistou um prémio Grammy de melhor álbum de world music contemporânea. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, distinguiu-a, em 2009, com a medalha da Legião de Honra entregue pela ministra da Cultura francesa Christine Albanel.
Em Setembro de 2011, depois de cancelar um conjunto de concertos por se encontrar muito debilitada, a editora, Lusafrica, anunciou que a cantora pôs um ponto final na longa carreira.
Morreu no dia 17 de Dezembro de 2011, com 70 anos, por "insuficiência cardiorrespiratória aguda e tensão cardíaca elevada".
Discografia
· 1965 - Mornas de Cabo-Verde & Oriondino (vinil simple, 45 RPM, C. Évora & Conjunto)
· 1987 - Cesária
· 1988 - Cesária Évora, La Diva aux pieds nus
· 1990 - Distino di Belita
· 1991 - Mar Azul
· 1992 - Miss Perfumado
· 1994 - Sodade - Les plus belles mornas de Cesaria (Best of)
· 1995 - Cesária
· 1995 - Cesária Évora à L'Olympia
· 1997 - Cabo Verde
· 1998 - Best of Cesária Évora
· 1998 - Nova Sintra
· 1999 - Le monde de Cesária Évora
· 1999 - Café Atlântico
· 2001 - Cesária Évora : L'essentiel
· 2001 - São Vicente di Longe
· 2002 – Anthology
· 2002 - Anthologie: Mornas & Coladeras (LP duplo)
· 2002 - The Very Best of Cesária Évora
· 2003 - Voz d'Amor
· 2004 - Les essentiels
· 2006 – Rogamar
· 2008 - Rádio Mindelo (early recordings)
· 2009 - Nha sentimento
DVD
· 2002 - Live in Paris
Duos
· 1999 - É doce morrer no mar (por Dorival Caymmi) cantado com Marisa Monte.
· 2009 - Capo Verde terra d'amore, vol. 1 (LP, cantado com Teofilo Chantre em italiano)
Outras colaborações
· 1995 - Sangue de Beirona Remix (por François K)
· 1999 - Césaria Evora Remix (por François K e Joe Claussell)
· 2003 - Carnaval de São Vivente Remix (EP)
· 2003 - Club Sodade Remixes, Cesaria Evora by… (Carl Craig, Francois Kervorkian, Kerri Chandler, Four Hero, Señor Coconut, etc.)
“Eu preciso de quando vez da minha da terra, do povo que sou e desde marulhar das ondas”
Cesária Évora
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