O estranho, o sertanejo e a Marília |
Nem tudo aquilo que reluz é ouro e
nem tudo aquilo que é meramente repentino é sensacional. Muitas vezes aquilo
que é novo passa a ser algo supérfluo e aquilo que não é escutado com cautela
com o tempo nos revela ser uma grande obra prima. Pode acontecer também de
surgir do nada uma nova voz e acharmos que trata-se de uma voz poderosa e que
marcará gerações, mas também pode ocorrer dessa mesma voz ir se desmanchando
com o tempo, ficando irresistívelmente cansativo e atemporal. Poderia eu ficar
aqui destilando mil e uma formatações de vozes e estilos, assim como eu poderia
ir direto à chave central deste artigo: em 2016 o Brasil viu surgir uma nova
voz sertaneja que eclodiu pelos quatro cantos do país como sendo uma revelação
musical dita da melhor qualidade, do melhor estilo e do melhor momento.
Evidentemente que Marília Mendonça não é uma voz
carismática, Marília Mendonça não é um talento aprazível, Marília Mendonça não
é uma grande revelação da música sertaneja, Marília Mendonça não é nada, a não
ser uma cantora que acha que é cantora, que não tem postura alguma de cantora,
que não canta absolutamente nada de novo e que não vai ser nada de nada. Com
uma voz que nos remete à Ana Carolina (apenas uma comparação de vozes, não
querendo rebaixar em hipótese alguma a cantora Ana Carolina), Marília Mendonça
surgiu em um momento em que o estilo sertanejo pedia. Enquanto Anitta briga com
Ludmilla um espaço vanglorioso dentro de seus estilos pop urbano, Sandy, Manu
Gavassi e Wanessa duelaram um espaço entre o público jovem e pré adolescente,
Ivete Sangalo e Claudia Leite foram assistidas de camarote por Daniela Mercury
para ver quem é a mais legítima baiana e Luan Santana agora encontrou em Tiago
Iorc um desafio irrecusável, Marília Mendonça foi fabricada às pressas para
duelar diretamente com a desamparada Paula Fernandes. Óbvio que o brilho das
duas sertanejas se sobrecaem repentinamente em um emaranhado de
superficialidades musicais e estéticamente falando, mas o fato é que Marília
não se comporta como cantora e nunca será dita de ser uma a altura das grandes
divas sertanejas, como Inezita Barroso ou As Irmãs Galvão. Falta-lhe coro,
falta-lhe estima, falta-se discernimento acentuado de mulher, falta-lhe estilo,
falta-lhe carisma, falta-lhe tantos adjetivos que não me atrevo mais a
continuar. Com uma brega música ridícula que gruda na mente, a neo-cantora
parece que engoliu um balão de oxigênio e flutua nos palcos como se fosse balão
inflamado. Caracteristicamente, sua voz não agrada, seu sorriso é forçado, suas
vestes não se adequam e sua tez é de uma pessoa mundana, meramente comercial,
nada cultural. Infelizmente o Brasil carece de cultura e, mesmo tendo que
respeitar diversas delas, somos obrigados a aceitar Marília Mendonça dentro
dessa parte globalizada. Sendo a nossa Adelle suburbana, Marília Mendonça consegue
ser o fundo do poço que assolou o mundo sertanejo com vozes femininas depois de
Paula Fernandes e nesse estilo quem se salva é Bruna Viola, que é a típica
cantora regional com prestígio e determinação musical invejável.O que me dói como ser humano é ver
diversas mulheres se passando por Marília Mendonça retratada em suas músicas.
Uma pena que isso aconteça, pois enquanto mulheres se sentem traídas e infiéis,
mais o mundo globalizado perde seus direitos éticos e morais.
Marília
Mendonça e a retratação infiel do sertanejo brasileiro
Por
Marcelo Teixeira
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