Um disco comum |
2015 foi o ano das
homenagens feitas de cantores da nova safra por cantores de outras gerações.
Depois de Adriana Calcanhotto lançar álbum homenageando Lupicínio Rodrigues,
agora é a vez de Zeca Baleiro dedicar uma justa adequação em forma de música
para o cantor Zé Ramalho, que nunca recebera homenagens em discos completos.
Não chega a ser o grande lançamento do ano, muito menos fará deste disco ser o
melhor da carreira emblemática de Zeca, mas vale a pena ouvir as já manjadas
canções do cantor paraibano cantadas aqui pelo cantor e compositor maranhense.
Algumas regravações ficaram boas, casos de Chão
de Giz e Eternas Ondas, mas
outras, como o mega sucesso Avohai e Táxi Boy, ficaram suspensas no ar, com
aquele clima de consternação musical. A capa do álbum é simples, negra e com a
imagem de Zeca ao lado, mas a atmosfera do disco não atrai muito e, quando se
trata em homenagens (ainda mais quando o homenageado está vivo!), o resultado
deveria sair melhor que o esperado. Neste caso, esperamos muito de Zeca para pouco
resultado, porque as canções cantadas por ele não soam com a mesma empatia e
elegância que o dono das canções nos transpassam. Zeca uniu um repertório já
manjado em que todas as letras são muito conhecidas do grande público, mas
infelizmente não teve o preparo de fazer um grande disco. Mesmo assim, fica
registrado um trabalho que merece respeito pelo fato de que todos os cantores
reverenciam a obra e a pessoa de Zé Ramalho, mas ninguém ousou em dedicar um
trabalho inteiro sobre ele. Em seu décimo quinto álbum, Zeca parece se
equilibrar entre aquilo que quer lançar e aquilo que acha que vai dar certo,
tanto que o cantor deixou de ser ponto forte nas composições que cria para dar
ênfase total a composições de outros cantores (isso já vem ocorrendo com certa
frequência na carreira do cantor). Meio rock pesado com som leve, misturado a
guitarras, violão, banjo e acordeom, Chão de Giz
(2015 / Som Livre / 24,99) é um disco que merece atenção mais pela
ousadia que pela voz de quem o canta. Calma! Não estou aqui denegrindo a imagem
de Zeca Baleiro, mas acontece que o disco é mediano, pouco convincente e muito
comercial. O fã de Zeca poderá se assustar com o resultado, mas o fã de
primeira viagem poderá adorar o resultado. No meu caso, que estou acostumado
com o Zeca dos tempos de vacas secas de início de carreira, prefiro me
contentar em acreditar que ele voltará a ser um dia tão musical quanto
popularesco.
Chão de Giz
(2015) / Zeca Baleiro
Nota 8
Marcelo
Teixeira
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