Rita é Lee |
1980 foi o ano de Rita Lee, mesmo tendo
como concorrente grandes cantoras da categoria de Maria Bethânia, Gal Costa,
Alcione, Clara Nunes, Elis Regina. Detentora única do rock brasileiro, Rita Lee
já demonstrava que seus discos seguintes seriam pautados dentro de um segmento
voltado para a ironia fina de um humor rebuscado, colocando em prática toda a
sua sagacidade espontânea que a consagrou como artista. Rita Lee lançou um
disco longe de ser intelectualizado demais, correto demais ou puritano demais:
esse é um dos melhores e mais preciosos discos de toda a carreira da já
considerada Rainha do Rock Nacional. Desfilando um enxoval de sucessos, como Baila Comigo, Nem Luxo Nem Lixo, Caso Sério,
o disco, que vem como título o nome e sobrenome da cantora, também é
popularmente conhecido como Lança Perfume,
música que abre o álbum. Cantando maravilhosamente bem, o álbum Rita Lee (1980 / Som Livre / 29,99) alçou a
carreira da cantora para a Europa e a América do Norte, fazendo com que a
cantora adentrasse definitivamente no showbizz como uma das compositoras mais
influentes daquele ano. Mas é correto eu afirmar que o ano de 1980 fora
realmente de Rita Lee? Óbvio que esse questionamento é errado em ser afirmado
por qualquer crítico de música, mas vale lembrar que Rita lançou um disco que
não continha apenas um ou outro sucesso, mas sim, todas as faixas foram
cantadas e recantadas por todas as faixas etárias, sendo uma epopeia de
musicalidade de boa categoria de uma expoente do rock. Se em 1978 Rita veio com
Babilônia, disco que trouxe poucas
melodias ditas ótimas, Rita Lee trouxe um desfiladeiro de eternas canções, que
ainda hoje, mais de trinta anos depois de seu lançamento oficial, continuam na
boca do povo com um ar de saudosismo. Aquele ano de 1980 estava revolto: Elis
não tinha lançado um bom disco, Clara Nunes estava em festa com seu álbum, Gal
Costa brilhava com sua voz cristalina, Maria Bethânia lotava os teatros
nacionais, João Figueiredo era o Presidente do Brasil, Chico Buarque
enlouquecia a todos com a Geni e o
Zepelin, o cantor Raimundo Fagner conseguira se desligar do Ceará e ganhar
o Brasil por inteiro e Rita Lee lançava o disco que revolucionaria seu mundo e
o mundo de muita gente. A turnê Lança Perfume lotou as casas de shows do
Brasil e sua música ficara mais rica e mais autoral. Sendo assim, Rita passou a
ser pertencente a um grupo em que a boa música pediria passagem e entraria
definitivamente para o rol das grandes artistas nacionais. Todos os anos são os
anos de Rita, mas 1980 foi o seu ano, com um disco sensacional e que não pode
ficar fora da coleção de qualquer colecionador ou amante da MPB e do Rock
Brasileiro. E é por esse motivo que Rita é Lee.
Rita Lee
(1980) / Rita Lee
Nota 10
Marcelo
Teixeira
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