quarta-feira, 19 de março de 2014

O sucesso do Mulheres de 80


As Mulheres de 80: sucesso
Em meio a Carnavais, sambas do criolo doido, Lepo Lepo e outras aberrações musicais, o Mulheres de 80 veio com força total ao palco do teatro do Sesc Vila Mariana, quebrando todos os paradigmas musicais e mostrando que a música que cantaram naquela época não se diferencia muito do que cantam hoje. Muita coisa mudou, tanto na vida das cantoras quanto na vida política e cultural brasileira. Itamar Assumpção, um pai sempre presente, veio a falecer em 2003 decorrente de um câncer, Susana Salles e Alzira E. ficaram reclusas por um certo tempo e Ná Ozzetti e Virginia Rosa estavam lançando discos sensacionais a torto e a direito. A música popular brasileira e, sobretudo, essas quatro grandes cantoras, sobreviveram a atentados musicais, como o pagode, o sertanejo, o axé e outras insanidades mentais que passamos a conviver diariamente. Para tanto, a Vanguarda Paulista foi um movimento cultural e artistíco que revolucionou a música num todo, fazendo crer que a nossa loucura, a nossa tensão, a nossa vontade de viver aquilo era plenamente normal. Até mesmo para este crítico que vos escreve, que nascera nos anos 1980 e não vivenciou este momento, acredita que parte do que se vivia aquela época era motivo de loucura, de festa, de um comportamento geral diferenciado, de muita música e de muita responsabilidade. Faltou Vânia Bastos, outra principal integrante deste rico movimento, estar atrelada às quatro vozes. Para quem não vivenciou esta brilhante fase da música brasileira, pode ter vários meios de poder se abastacer culturalmente: os discos avulsos de Ná Ozzetti e Virginia Rosa dão a dimensão da grandiosidade que foi a Lira Paulistana, assim como a Caixa Preta com todos os discos imortalizados pelo mentor do grupo, Itamar Assumpção. Arrigo Barnabé, os grupos Rumo e Premê foram alguns dos nomes que estabeleceram a nova moda musical dos anos 1980, sendo chamados pela crítica de malditos, o que acabou irritando o líder da trupe, Itamar. Sim, eles eram independentes. Sim, eles eram autênticos. Sim, eles faziam a melhor música. Pra mim o espetáculo deveria se chamar As Mulheres de Itamar ou, então, As Meninas de Itamar, mas Mulheres de 80 caiu bem e chamou bem a atenção, não dando um nome específico para determinada cantora entrar em evidência. Espero profundamente que o projeto vire CD e DVD  para que os que não puderam viver a época, estarem a par do que foi esse movimento cultural.

 

Mulheres de 80
Marcelo Teixeira

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