As Mulheres de 80: sucesso |
Em meio a Carnavais, sambas do
criolo doido, Lepo Lepo e outras aberrações musicais, o Mulheres de 80 veio com
força total ao palco do teatro do Sesc Vila Mariana, quebrando todos os
paradigmas musicais e mostrando que a música que cantaram naquela época não se
diferencia muito do que cantam hoje. Muita coisa mudou, tanto na vida das
cantoras quanto na vida política e cultural brasileira. Itamar Assumpção, um
pai sempre presente, veio a falecer em 2003 decorrente de um câncer, Susana
Salles e Alzira E. ficaram reclusas por um certo tempo e Ná Ozzetti e Virginia
Rosa estavam lançando discos sensacionais a torto e a direito. A música popular
brasileira e, sobretudo, essas quatro grandes cantoras, sobreviveram a
atentados musicais, como o pagode, o sertanejo, o axé e outras insanidades
mentais que passamos a conviver diariamente. Para tanto, a Vanguarda Paulista
foi um movimento cultural e artistíco que revolucionou a música num todo,
fazendo crer que a nossa loucura, a nossa tensão, a nossa vontade de viver
aquilo era plenamente normal. Até mesmo para este crítico que vos escreve, que
nascera nos anos 1980 e não vivenciou este momento, acredita que parte do que
se vivia aquela época era motivo de loucura, de festa, de um comportamento
geral diferenciado, de muita música e de muita responsabilidade. Faltou Vânia
Bastos, outra principal integrante deste rico movimento, estar atrelada às
quatro vozes. Para quem não vivenciou esta brilhante fase da música brasileira,
pode ter vários meios de poder se abastacer culturalmente: os discos avulsos de
Ná Ozzetti e Virginia Rosa dão a dimensão da grandiosidade que foi a Lira
Paulistana, assim como a Caixa Preta com todos os discos imortalizados pelo
mentor do grupo, Itamar Assumpção. Arrigo Barnabé, os grupos Rumo e Premê foram
alguns dos nomes que estabeleceram a nova moda musical dos anos 1980, sendo
chamados pela crítica de malditos, o que acabou irritando o líder da trupe,
Itamar. Sim, eles eram independentes. Sim, eles eram autênticos. Sim, eles
faziam a melhor música. Pra mim o espetáculo deveria se chamar As Mulheres de
Itamar ou, então, As Meninas de Itamar, mas Mulheres de 80 caiu bem e chamou
bem a atenção, não dando um nome específico para determinada cantora entrar em
evidência. Espero profundamente que o projeto vire CD e DVD para que os que não puderam viver a época,
estarem a par do que foi esse movimento cultural.
Mulheres de 80
Marcelo Teixeira
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