Faço crítica com arte! |
Todos nós erramos na vida: ao nascermos já
estamos errados se não choramos ou se estamos chorando demais. Na vida há
muitas cobranças, pertinentes ou não, que norteiam nosso caminho a torto e a
direito. Quando resolvi escrever sobre música brasileira, sabia que estava pisando
em ovos. Ovos estes, quebráveis. Mas não intocáveis. Quando iniciei o Mais Cultura
Brasileira!, em novembro de 2011, não sabia exatamente o
que eu queria: se era criticar a música pobre, de esquina, dos marginalizados,
dos arrogantes, dos iletrados ou se eu estava querendo destilar meu suave
veneno em apostas vigorosas, discos esquecidos, cantoras e cantores que foram
sucesso no passado, lançamentos indispensáveis. Não sabia ao certo. Pois bem:
criei o blog sem ter um artigo pronto, apenas acordei de um sobressalto e
estava lá o Mais Cultura Brasileira! Logo na primeira semana não obtive o
resultado que queria: ninguém lia o que eu escrevia. Hoje, tudo o que escrevo
vira repercussão de um jeito ou de outro e tudo começou quando criei o quadro As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos
da MPB. A visibilidade foi enorme, o blog subiu ao topo de liderança que eu
jamais pensei que fosse chegar e o meu nome foi capa de um jornal de Cultura de
Mococa e, alguns meses depois, estava eu lá novamente em um tablóide do
Amapá. Alguns outros meses, meu nome e
meu blog estavam na mesma coluna de resenhas com críticos do quilates de
Charles Gavin (ex-Titãs) e Zé Vaz, do blog Som
do Norte, sobre o lançamento do disco de Emília Monteiro. Isso pra mim foi
o ápice maior de minha escrita: nunca pensei em imaginar que eu pudesse
escrever em primeiro plano sobre uma cantora do Norte e, de quebra, ter o
privilégio de alça-la a voôs longos. Está registrado: o primeiro a escrever sobre
Emília foi o Mais Cultura, em seguida Charles Gavin e, por último, Som
do Norte. Mas de onde vem a crítica? Esses dias fui criticado por um peso
pesado da dita linha jornalística musical e isso tocou muito forte dentro de
mim, pois o que escrevo, hoje, é natural de minha pessoa, de meus anseios sobre
o disco, de minha persona sobre o que ouço, de minha característica de crítico
e de presença sobre algo novo e que está a minha mão. Quando escrevo, despejo
todos os adjetivos possíveis para que eu possa me satisfazer. Através desses
artigos, consigo conversar com as palavras num tom peculiar, sentimental e
rudimentar que apenas eu entendo e tento transpassar para as pessoas num tom
mais elaborado. Mas todos nós erramos: erramos ao nascer, erramos ao crescer, erramos
ao escrever um artigo. Antes eu pegava um disco qualquer e escutava apenas uma
vez e dava a minha impressão sobre aquilo: não pegava os detalhes minímos. Com
o tempo aprendi que para ser crítico, não preciso usar terno e gravata: posso
ser normal como o vendedor de jornal. Ou seja: hoje quando escrevo, penso! Mas
escrever é difícil e cansativo e por este motivo, só escrevo quando estou
realmente desperto. Perguntaram-me uma vez como escrevia meus textos: simples.
Eu preciso estar agitado. E para eu estar agitado, preciso de música, de
poesia, de matéria, de café. Uso adjetivos, uso frases coloquiais, uso menos o
barroco. E tento (ainda tento) escrever um artigo como se estivesse escrevendo
um capítulo de um livro não acabado: escrevo conforme eu quero. Não preciso ser
formado em jornalismo para escrever bem, pois a crítica dentro da crítica já
está valendo. E mesmo escrevendo frases que soam como poesia, aqui para mim
soam como suavidades extremas. Não preciso que me entendam, me interpretem. Não
sou mais importante que o disco resenhado. O disco é mais importante que as
minhas palavras. Se eu pudesse e eu ainda tenho tempo para fazer, excluíria
todos os artigos que escrevi no início de carreira. Afinal, já entro no
terceiro ano de Mais Cultura Brasileira! Hoje ninguém mais leria os artigos antigos,
mesmo sendo um canal de aproveitamento ímpar futuramente. Mas aqui não faz
importância alguma os artigos que me mandaram via email para que eu pudesse
publicar em meu nome ou simplesmente os artigos na qual me debrucei quando
deram mais credibilidade para mim. Tive parcerias maravilhosas em alguns
artigos, fui pago em outros, tive a autorização em uns 4 ou 5 artigos para que
esses mesmos artigos estivessem dentro do meu blog, com as mesmas palavras e
significados e não me envergonho disso. Hoje, passados mais de 2 anos de blog e
vida cultural voltada para a cultura brasileira exclusivamente, tenho a plena
certeza de que fiz coisas certas e erradas, publiquei artigos errados em
algumas vezes, acertei em vários artigos, critiquei e logo em seguida elogiei.
Hoje tenho uma seleta lista de entrevistadas, como Márcia Tauil, Simone
Guimarães, Emília Monteiro e Ná Ozzetti e para este ano de 2014 já tenho mais
dois nomes de peso: um cantor de Minas Gerais que estimo pacas e o escritor Daniel
Manzoni, amigo de longas datas, que lançará um livro sobre educação, ciência e
cultura e é adorador de música brasileira. Nas palavras da cantora Emília
Monteiro: sou um crítico. Mas
críticos também erram. E meu defeito é tentar acertar. A minha crítica vem de
dentro: em mim batem as sonoras batidas da música, certas ou erradas e é através
disso que escrevo, critico e publico. E fazer crítica, para mim, é uma arte.
De onde vem a
crítica?
Marcelo Teixeira
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