sexta-feira, 28 de março de 2014

De onde vem a crítica?


Faço crítica com arte!
Todos nós erramos na vida: ao nascermos já estamos errados se não choramos ou se estamos chorando demais. Na vida há muitas cobranças, pertinentes ou não, que norteiam nosso caminho a torto e a direito. Quando resolvi escrever sobre música brasileira, sabia que estava pisando em ovos. Ovos estes, quebráveis. Mas não intocáveis. Quando iniciei o Mais Cultura Brasileira!, em novembro de 2011, não sabia exatamente o que eu queria: se era criticar a música pobre, de esquina, dos marginalizados, dos arrogantes, dos iletrados ou se eu estava querendo destilar meu suave veneno em apostas vigorosas, discos esquecidos, cantoras e cantores que foram sucesso no passado, lançamentos indispensáveis. Não sabia ao certo. Pois bem: criei o blog sem ter um artigo pronto, apenas acordei de um sobressalto e estava lá o Mais Cultura Brasileira! Logo na primeira semana não obtive o resultado que queria: ninguém lia o que eu escrevia. Hoje, tudo o que escrevo vira repercussão de um jeito ou de outro e tudo começou quando criei o quadro As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos da MPB. A visibilidade foi enorme, o blog subiu ao topo de liderança que eu jamais pensei que fosse chegar e o meu nome foi capa de um jornal de Cultura de Mococa e, alguns meses depois, estava eu lá novamente em um tablóide do Amapá.  Alguns outros meses, meu nome e meu blog estavam na mesma coluna de resenhas com críticos do quilates de Charles Gavin (ex-Titãs) e Zé Vaz, do blog Som do Norte, sobre o lançamento do disco de Emília Monteiro. Isso pra mim foi o ápice maior de minha escrita: nunca pensei em imaginar que eu pudesse escrever em primeiro plano sobre uma cantora do Norte e, de quebra, ter o privilégio de alça-la a voôs longos. Está registrado: o primeiro a escrever sobre Emília foi o Mais Cultura, em seguida Charles Gavin e, por último, Som do Norte. Mas de onde vem a crítica? Esses dias fui criticado por um peso pesado da dita linha jornalística musical e isso tocou muito forte dentro de mim, pois o que escrevo, hoje, é natural de minha pessoa, de meus anseios sobre o disco, de minha persona sobre o que ouço, de minha característica de crítico e de presença sobre algo novo e que está a minha mão. Quando escrevo, despejo todos os adjetivos possíveis para que eu possa me satisfazer. Através desses artigos, consigo conversar com as palavras num tom peculiar, sentimental e rudimentar que apenas eu entendo e tento transpassar para as pessoas num tom mais elaborado. Mas todos nós erramos: erramos ao nascer, erramos ao crescer, erramos ao escrever um artigo. Antes eu pegava um disco qualquer e escutava apenas uma vez e dava a minha impressão sobre aquilo: não pegava os detalhes minímos. Com o tempo aprendi que para ser crítico, não preciso usar terno e gravata: posso ser normal como o vendedor de jornal. Ou seja: hoje quando escrevo, penso! Mas escrever é difícil e cansativo e por este motivo, só escrevo quando estou realmente desperto. Perguntaram-me uma vez como escrevia meus textos: simples. Eu preciso estar agitado. E para eu estar agitado, preciso de música, de poesia, de matéria, de café. Uso adjetivos, uso frases coloquiais, uso menos o barroco. E tento (ainda tento) escrever um artigo como se estivesse escrevendo um capítulo de um livro não acabado: escrevo conforme eu quero. Não preciso ser formado em jornalismo para escrever bem, pois a crítica dentro da crítica já está valendo. E mesmo escrevendo frases que soam como poesia, aqui para mim soam como suavidades extremas. Não preciso que me entendam, me interpretem. Não sou mais importante que o disco resenhado. O disco é mais importante que as minhas palavras. Se eu pudesse e eu ainda tenho tempo para fazer, excluíria todos os artigos que escrevi no início de carreira. Afinal, já entro no terceiro ano de Mais Cultura Brasileira! Hoje ninguém mais leria os artigos antigos, mesmo sendo um canal de aproveitamento ímpar futuramente. Mas aqui não faz importância alguma os artigos que me mandaram via email para que eu pudesse publicar em meu nome ou simplesmente os artigos na qual me debrucei quando deram mais credibilidade para mim. Tive parcerias maravilhosas em alguns artigos, fui pago em outros, tive a autorização em uns 4 ou 5 artigos para que esses mesmos artigos estivessem dentro do meu blog, com as mesmas palavras e significados e não me envergonho disso. Hoje, passados mais de 2 anos de blog e vida cultural voltada para a cultura brasileira exclusivamente, tenho a plena certeza de que fiz coisas certas e erradas, publiquei artigos errados em algumas vezes, acertei em vários artigos, critiquei e logo em seguida elogiei. Hoje tenho uma seleta lista de entrevistadas, como Márcia Tauil, Simone Guimarães, Emília Monteiro e Ná Ozzetti e para este ano de 2014 já tenho mais dois nomes de peso: um cantor de Minas Gerais que estimo pacas e o escritor Daniel Manzoni, amigo de longas datas, que lançará um livro sobre educação, ciência e cultura e é adorador de música brasileira. Nas palavras da cantora Emília Monteiro: sou um crítico. Mas críticos também erram. E meu defeito é tentar acertar. A minha crítica vem de dentro: em mim batem as sonoras batidas da música, certas ou erradas e é através disso que escrevo, critico e publico. E fazer crítica, para mim, é uma arte.

 

De onde vem a crítica?
Marcelo Teixeira

Nenhum comentário: