segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A cultura é a nossa riqueza maior


 


Você faz a sua Cultura!
Para algumas pessoas opinar é um ato tão natural e inevitável quanto respirar. Opinar, pra mim, é uma maneira de desenvolver a nossa responsabilidade perante o assunto abordado, estarmos em sintonia com o que está sendo discutido e, mesmo que a opinião seja irrelevante para alguns, a pitada está lá, dada, colhida, absorvida. Gosto de criar polêmicas quando é para criar polêmicas, gosto de jogar um assunto qualquer e ver as pessoas se alfinetando, degladiando e criando polêmicas sobre assuntos que criei. Meus textos são pequenos troféus que jogo contra o ventilador e o mesmo se espalhar por todo o Brasil e alguns países afora. Meu objetivo como cronista da música popular brasileira é única: levar conhecimento a todos e, o mais importante, fazer voltar à ativa o antigo crítico de arte. Na minha infância, os jornais tinham críticos de todas as searas: de livros, de música, de TV, de futebol e com o tempo isso foi se perdendo. Cresci com a vontade de levar a minha escrita visceral as pessoas e para que elas tivessem a certeza de que o texto era meu, com meu jeito de escrever e de dizer que estou ali, presente, vivo.

Escrever não é uma das tarefas mais fáceis, como já disse aqui em um artigo. E crescer ouvindo que sou culto, que a minha vida é rodeada de cultura, é a mais pura balela que já ouvi em toda a minha vida. Cultura não significa que eu seja culto e culto não significa que a minha vida seja rodeada de livros, música, personalidades e tals. Transpiro cultura, respiro música, cheiro livros, absorvo palavras, mas ter cultura é diferente de ser a cultura. Em resumo geral, não sou culto. Apenas cultivo a cultura. Busco conhecer a musicalidade genuinamente brasileira dos nossos artistas brasileiros.

Mas o que é a cultura? Todos nós temos cultura, seja de maneira direta ou indireta, mas para mim, cultura é aquilo que cultivamos e aprendemos. Muitos conhecem os tons de cinzas americanizados, mas muitos desconhecem a cultura baiana de Jorge Amado. Muitos conhecem a cultura sartreana, mas poucos conhecem a cultura de Mello Neto, muitos conhecem a cultura de Virginia Woolf, mas poucos conhecem a cultura de Fagundes Telles ou Ferreira Gullar e isso sim, me envergonha culturalmente. Cultura é o que vi e vivi quando fui a João Pessoa e me instalei no belo apartamento de meu amigo Tom Costa e conheci a cultura privilegiada de Bruno Gil Santos. Cultura é o xaxado de Luiz Gonzaga, a baianidade de Jorge Amado, a mineirice de Clara Nunes e Adélia Prado, a musicalidade de Chico Buarque, Caetano, Gil, o rock, o sertanejo, o axé. Tudo se torna cultura quando executado com cautela, carinho, determinação e orgulho e não o que vemos por ai, jogado às traças.

Quando me falam que sou culto, respondo a altura: a minha cultura quem faz sou eu. Quem busca sou eu. Eu busco informação, busco conhecimento sobre o que é novo e nunca me esqueço o que é antigo. Sou fã incondicional de Carmen Miranda. Sou fã incondicional de Patrícia Mello, sou fã ardoroso de Chico Buarque. Adoro Clarice Lispector. Idolatro Ferreira Gullar. Sou fã de Elis Regina. Portanto, ter cultura não significa ser culto e quando me dizem que não me imaginam curtindo alguns pagodinhos e sertanejos, logo corro para dizer que aquilo é cultura brasileira. Não podemos, em hipótese alguma, menosprezar o que o Brasil tem de melhor e eu aprendi isso indo ao Nordeste.

Os artigos são meus troféus. A cultura é a minha riqueza.

Marcelo Teixeira

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