Kell: sucessão de erros |
Kell Smith surgiu como um desses
meteoros que vem sendo preparado aos poucos e sem grandes pretensões e que
quando caem no solo, eclodem com um barulho ensurdecedor. A cantora e compositora não saiu de um desses
programinhas que ficam à procura de novos (e chatos) talentos, nem foi
reconhecida por um grande empresário, mas apareceu na arma mais poderosa dos
últimos anos: a internet. Graças às redes sociais que sua música chegou ao topo
mais elevado para uma posição considerável na mídia: o ouvinte. Mesmo sendo uma
dessas cantoras surgidas aqui e ali, Kell precisa aprender uma coisa: ela não é
a única e pode ser que esteja de passagem. Sua música está entre as mais
tocadas nos últimos tempos e já foi gravada até por Chitãozinho e Xororó e hoje
está entre as queridinhas da maior rede televisiva do Brasil. Mas se ela
continuar com o pensamento de que essa sua única canção vai lhe dar todos os
atributos benéficos que as redes sociais lhe deram, essas mesmas redes sociais
podem lhe tirar o troféu que já fora de Maria Gadú e Ana Vilela. Maria Gadú foi
descoberta por um grande diretor
dessa mesma emissora, lançou os dois primeiros discos memoráveis e só. Já Ana
Vilela apareceu na mesma onda de Kell: compôs uma canção manjadamente popular e
apelativa e se lançou na internet. As redes sociais, grande amiga dos artistas
anônimos, favoreceu com que Ana fosse uma celebridade momentânea e com apenas
uma única canção, diferentemente de Gadú, que lançou outros discos, mas sem
grande visibilidade da imprensa. Kell Smith está indo pelo mesmo caminho de
Gadú e Vilela, mas com um tempero salgado a mais: ela tem a mesma entonação de
voz de Gadú e compõe com o mesmo apelo sensacionalista e popularesco que Vilela.
Isso se torna uma grande chatice e não há nada de novidade, sendo assim, a não
ser que apareceu mais uma cantora nonsense e blasé para mostrar seu trabalho.
Se Ana Vilela ficou meses e meses a fio com uma música que fala de sentimentos
e barreiras amorosas e ganhou todas as notoriedades possíveis e imagináveis e
Gadú enveredou-se inicialmente pelo mesmo caminho, mas resolveu ir para o lado
esquerdo do tempo e, com isso, ganhou menos espaço, Kell Smith é a junção entre
as duas outras cantoras, mas não menos talentosa. Eis aqui uma grande
preocupação, pois Kell Smith quer mostrar suas canções como se essas fossem
relatos de um sentimento mal resolvido. E isso causa um grande alvoroço (Ana
Vilela talvez explique!). Gosto da Maria Gadú – embora eu tenha ciclos
sentimentais para tal – mas não ouso gostar de Ana Vilela (e não sei explicar
bem isso, talvez eu precise ouvir umas novas canções) e tenho quase que noventa
cento de certeza de que não gosto e não vou gostar de Kell Smith. A começar, a
cantora poderia vir com um nome e um sobrenome mais abrasileirado e, segundo,
não vejo verdades em suas letras e muito menos em suas interpretações
coreografadas entre mãos, boca, semblante e olhos fechados. Mesmo com uma
música com apelo popular emblemática, Kell pode vir a se tornar uma Maria Gadú
com semelhanças visíveis à Ana Vilela. O tropeço pode ser grande caso a cantora
resolva ficar com essas semelhanças entre a divisão de atenções vocais e
sentimentais entre uma cantora e outra. Mas o que se sabe de verdade é que Kell
Smith está no meio entre uma cantora de verdade e uma aspirante à tal.
Kell
Smith: a cantora que nasceu errada
Por
Marcelo Teixeira
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