sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Verdade Tropical - 20 anos depois

Leitura obrigatória
Leitura mais que obrigatória para todos os amantes e não amantes da boa música brasileira, o livro Verdade Tropical acaba de ser relançada por Caetano Veloso com uma capa nova (não menos bonita que a edição de bolso, mas com certeza mais bonita que a primeira versão) e com um capítulo bônus intitulado Carmen Miranda não sabia sambar. Trata-se de uma conversa sobre esses 20 anos que nos separam da primeira edição, construída a partir do próprio livro e das suas repercussões. Eis aqui um novo retrato de Caetano acerca do mundo da música e para dizer também que o mundo mudou. As questões cruciais de sua vida e de suas angústias diante das dores do mundo também se fazem presente. Caetano é um grande leitor de livros e grande homem de erudição. O novo texto pode até surpreender os que só o têm como um artista da canção popular, jamais os que acompanham de perto a sua trajetória. A singularidade que enxerga no Brasil e em seu destino como nação permanece de pé, a despeito de tudo o que estamos testemunhando nos últimos tempos. Embora eu particularmente ache o livro Verdade Tropical extenso, cansativo por vezes e arrastado em uma profusão de palavras difíceis, deixo aqui registrado que o livro é, na verdade, uma síntese da biografia do próprio Caetano perante sua carreira tropical, musical e intelectual. Porém, foi aqui neste livro que pude ter a honra de conhecer um dos intelectuais que mais influenciaram minha carreira pedagógica e intelectual, como o escritor Edgar Morin ou o artista multifacetado e original Hélio Oiticica. Assim como há passagens engraçadas, como o caso da cantora Gal Costa cantar por intermédio de uma panela ou a rixa entre o próprio Caetano e Roberto Carlos, a quem Maria Bethânia já era fã. Mas não comprem o livro apenas porque há um capítulo maravilhosamente extraordinário como bônus ou pela nova capa tropical do cantor. O livro é para ser lido por inteiro. Parafraseando Adriana Calcanhotto, é preciso devorá-lo (como canta na música Vamos Comer Caetano). Muito bem escrito, há aqui uma formação humanística impressionante, capaz de nos impressionar do primeiro ao último capítulo. O relançamento de Verdade Tropical coincide com os 50 anos do Tropicalismo, cujo é um dos temas centrais do livro.


Verdade Tropical – 20 anos depois
Nota 10
Por Marcelo Teixeira

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