segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Cadê o samba de Roberta Sá?


Cadê o samba, Roberta?
Roberta Sá já foi escolhida pelo Mais Cultura Brasileira como sendo uma das melhores intérpretes dos últimos anos dentro da MPB e já fora selecionada também como uma das grandes revelações musicais em um programa de TV que descobria novos talentos. Ela não chegou a ficar em primeiro lugar, mas foi apadrinhada por Ney Matogrosso e, mais tarde, caiu nas graças de Chico Buarque, com quem já dividiu faixas em duetos imperdíveis. Lançando seu sexto álbum, a cantora se deleita em um universo que conhece muito bem e que já foi muito bem recebida. Delírio (2015 / MP,B Discos / Som Livre / 29,99) é um disco atemporal, bom, estiloso, mas confuso. Primeiramente porque tem uma capa escura, remetendo ao disco de sambas de Maria Rita, Coração a Batucar (2014) e segundo que esse universo sambístico de Roberta está mais para o pop que o samba verdadeiramente dito. Mesmo tendo uma interpretação sensacional, a cantora deixa a desejar em canções que poderiam ser melhor executadas, como, por exemplo, na canção que leva o título do trabalho, Delírio: cadê a inspiração? Por onde anda a exuberância de Roberta Sá? Obviamente, esse novo álbum não lhe trouxe nenhuma grande oportunidade de poder continuar sendo uma das melhores cantoras de sua geração e com Delírio, a cantora mostra que o seu samba é mais popular que o popular. Se formos levar ao pé da letra, Roberta Sá poderia ter atribuído o samba em discos como o de estreia, Braseiro (2005), Que Belo e Estranho Dia Para se ter Alegria (2007) ou o último e morno Segunda Pele (2013). A bem da verdade, seu samba está mais para pagode de pé de mesa do que para o genuíno samba de morro, samba de pé ou samba de verdade. Mas a cantora não errou totalmente ao lançar um disco em homenagem ao samba e talvez o grande erro de Roberta tenha sido a inspiração que teve ao ouvir Micróbio do Samba (2011), da cantora Adriana Calcanhotto. Ao ouvir e se inspirar, Roberta decidiu que faria um disco em duas formas de homenagem: tanto para o samba como para Adriana. Errou duas vezes: quem conhece e acompanha a carreira de Roberta sabe que a cantora sempre cantou um ou outro samba em seus discos e sempre com a maestria e a sabedoria de uma grande estrela. O segundo erro foi se inspirar no disco de Adriana Calcanhotto, afinal, Micróbio do Samba não é um disco de samba, porque Adriana Calcanhotto não faz samba. Adriana Calcanhotto faz marchinhas de Carnaval, o que é totalmente diferente de samba. Delírio não influenciou em nada na carreira sólida de Roberta, mas ajuda a difundir aquilo que ela mais tem de melhor: a voz!

Cadê o samba de Roberta Sá?
Nota 7
Marcelo Teixeira

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