Alberto Salgado: o entrevistado* |
Marcelo Teixeira: Alberto, o que
é música pra você?
Alberto Salgado: Música pra mim é a expressão da vida em forma de
som.
M.T: De onde surgiram as inspirações para o disco Além do Quintal (2014)?
A.S: O disco Além do Quintal
foi construído a partir de composições antigas e de parceiros naturais daqui de
Brasília (meu quintal) e de parceiros de outros estados (além daqui), o que deu
a primeira ideia de se colocar o nome desse disco homônimo à música Além do Quintal, feita em parceria com
Atan Pinho, e que trata esta de tema ecológico. O disco Além
do Quintal é na verdade uma espécie de catálogo dos meus posteriores
discos. Por isso preocupei-me bastante em colocar ritmos diversos, dos quais
cada ritmo presente no disco, representa um segmento diferente de música. Por
exemplo, a própria faixa intitulada Além
do Quintal, tem uma pegada bem africana e com influências da música árabe e
indiana, porém sem perder a brasilidade também presente. E pretendo fazer o
próximo disco todo naquela pegada mais tribal. A fim de dar um caráter mais
homogêneo ao disco. E assim será com
todas as demais composições. São 12 faixas, mais uma remix no álbum Além do Quintal. Então terei muito
trabalho nessa vida, graças a Deus!
M.T: Suas músicas são de altíssima qualidade, com
começo, meio e fim e com letras que fogem do determinado comum das coisas, não
fala apenas de amor e sim da nossa realidade cotidiana. Você acha que a sua
música ajuda a difundir a qualidade musical de hoje em dia?
A.S: Modéstia parte acredito sim. Não só pelas
composições, como também pelos amigos que gravaram comigo. Tendo em vista que
nos anos 90 por exemplo, pouco vi e ouvi de trabalhos autorais como vem
ocorrendo agora. E acredito que atualmente (graças a internet) podemos acessar
trabalhos maravilhosos que ajudam muito a enriquecer a música brasileira de
qualidade, que parecia estar tirando férias em outros países. Citarei aqui
alguns que admiro demais e tenho muito respeito aos seus trabalhos. São eles
(as): Nathália Lima, Kiko Klaus, Paulinho Beissá, Wilson Bebel, Juçara Marçal,
Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, Douglas Germano, André Abujamra, Raquel Coutinho,
Fernanda Cabral, Vavá Afiouni, Andréa dos Santos, Alessandra Leão, Curumim,
Túlio Borges, Litieh Pacelle, Eduardo Rangel, Silvério Pessoa, Arthur Maia entre
outros que considero grandes artistas, que representam bem o lado bom da música
brasileira. Sem contar os músicos e compositores que trabalham com música
instrumental. Altíssimo nível!!!
M.T: Brasília sempre foi um pólo cultural muito rico e
muito detalhado para todos nós. Do rock para a MPB, sempre esteve presente na
vida cultural brasileira. Hoje Brasília recebe de braços abertos diversos
ritmos musicais e a sua música tem apreço estimado por aí. Como se explica isso?
A.S: Brasília é um palco onde se reúne e apresenta a
grande diversidade da cultura brasileira. Aqui temos acesso a todas as culturas
presentes não só no Brasil, como também de diversos cantos do mundo. Sendo
assim, percebi o quanto meu trabalho é aceito e recebido com muito carinho do
público daqui. E por essa diversidade toda, acredito que não é difícil qualquer
compositor com trabalho de qualidade passar batido, sem o devido e merecido
reconhecimento do público. Temos público para tudo no Brasil. Porém o público
daqui é bem exigente e com razão. Se a maioria gosta de boas coisas em minha
cidade e estou no papel para servi-los com minha arte, terei que fazer o melhor
possível para merecer esse precioso reconhecimento. O público é quem nos faz
crescer e melhorar cada vez mais.
M.T: Pensa em fazer shows pelo Sudeste ou levar Além do Quintal para outras regiões do
Brasil?
A.S: É o que mais quero! Percebi também que mesmo com a
internet, ainda existe uma pressão sobre nós artistas em termos que sair de nossa
cidade e buscar o eixo RJ-SP, para ampliar nossas portas e palcos. Infelizmente
ou não, ainda é comum artistas fora desse eixo terem que abandonar suas cidades
para fazer mais shows.
M.T: Em um país com tantas vozes femininas, a sua chega
em um momento em que música pede passagem ou mais respeito?
A.S: Não diria mais respeito, pois temos belíssimas
cantoras no Brasil. Mas não posso negar que minha voz pede passagem também. Ou
melhor, espaço para mostrar meu canto.
M.T: Um cantor?
A.S: Emílio Santiago. Mas contemporâneo ao momento
atual: Kiko Klaus.
M.T: Uma cantora?
A.S: Elis Regina. Mas contemporânea ao momento atual:
Juçara Marçal.
M.T: Se você não fosse o excelente cantor que és, seria
um excelente...?
A.S: Professor de música... (risos)
M.T: Numa de nossas conversas, você disse que não
gostava de cantar nem de compor somente sobre o amor, sendo que a maioria das
pessoas gosta de ouvir sobre isso e a maioria dos cantores canta sobre isso,
mas você prefere ir para o lado contrário. Por quê?
A.S: Porque acredito demais no poder que nós
compositores temos em auxiliar a sociedade e alertar para temas sociais de
urgência. Como Saúde Pública, famílias que sofrem por ter alcoólatras ou
usuários de crack, por exemplo, como citado na música Tem Uma Pedra, feita também em parceria com Atan Pinto. Aí com
tantos problemas urgentes, não consigo ter um coração egoísta em exaltar apenas
um amor que é menos abrangente (amor de namorados) que a necessidade do amor
universal em ajudar muito mais pessoas com mensagem que reforcem uma ideia
positiva de uma mudança a quem precisa. E muitas pessoas precisam,
infelizmente. Porém nada tenho contra a quem canta só músicas românticas. Só
sei do que gosto, do que não gosto e do que posso fazer. Mas também rolam duas
canções neste álbum que soam como românticas, que são Cores da Vida e Lombra.
Ambas de minha autoria.
M.T: Além do Quintal
tem uma mistura de samba, baião, pitadas de romantismo, delicadeza. Qual foi o
critério para fazer nascer o álbum?
A.S: Como é meu primeiro disco, o Além
do Quintal, fiz escolha de algumas canções antigas, que eu precisava
gravá-las para enfim, começar de fato outros discos com ritmos mais homogêneos.
Sem desprezar a qualidade indiscutível do disco, claro. Porém, ele nasceu da necessidade
de eu ter que montar um catálogo que represente através de cada música um
segmento para cada próximo álbum.
M.T: Além do Quintal,
para mim, é um dos melhores discos do ano de 2014, com ótimas letras, ótimas
melodias e ótimas vibrações. Mas qual é o seu plano para depois deste mega
sucesso?
A.S: Obrigado pelo elogio! Bem, meu plano é de
circular ao máximo apresentando este trabalho a maioria das pessoas que eu puder.
Quero cruzar o país com o passaporte que a música nos dá. Não sei se será possível,
mas sonho é sonho e ainda bem que é de graça sonhar. Espero positivamente que
eu possa alcançar e construir bons públicos através deste trabalho primoroso
feito com muito amor e muito sonho.
M.T: O que há além do quintal, Alberto?
A.S: Além do quintal há muitos mundos a serem
descobertos. Muitos sorrisos para serem admirados, muitos brilhos nos olhos.
Mas também há muita gente precisando de ajuda e se conseguimos sair além do
quintal, é porque de alguma forma merecemos ou precisamos.
M.T: Para encerrar, Alberto, como seria a vida sem
música?
A.S:
A vida não teria voz!
Muito
obrigado por ceder um precioso tempo para esta entrevista, Alberto.
E
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compositor, basta acessar os links abaixo para ter o melhor de sua música com
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Foto: Amanda Freitas
Foto: Amanda Freitas
Links:
Entrevista com
Alberto Salgado
Por Marcelo
Teixeira
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