sexta-feira, 13 de junho de 2014

Os malabaristas de João Bosco (2002)


Ótimo disco de João Bosco
Se Elis Regina estivesse viva, na certa gravaria Malabaristas do Sinal Vermelho ou qualquer música deste CD feito por João Bosco em parceria com o filho Francisco. O clima relativamente calmo e suave, encadeado por baladinhas e bossas com cores de jazz não se parece com tons monocórdicos. Malabaristas do Sinal Vermelho (2002 / Sony Music / 22,00) é um clássico já no título do álbum. A capa vermelha nos dá a impressão certeira de que estamos diante um disco inquieto, intrigante e irresistível. E o é! João Bosco é um importante cantor da atmosfera brasileira e suas músicas foram cantadas por vários cantores de diversas gerações da MPB. Elis, considerada por muitos como a maior cantora de todos os tempos da música brasileira, foi a recordista em gravar canções do cantor e compositor e se viva estivesse, na certa cantaria com gosto e maestria qualquer música de Malabaristas. O disco nos fixa diretamente nos olhos e nos enquadra com um sorriso no canto da boca, como se João estivesse ao nosso lado, observando nossa cara de espanto e alegria conjuntas. Aqui temos um João sem disfarces nem adornos e seu estilo visceral para contar histórias está cada vez mais ácida. O conteúdo de Malabaristas do Sinal Vermelho é um livro aberto para quem quiser ler e suas músicas representam o que há de melhor na esfinge musical universal. Posto em evidência, João busca em sua música o homem delicado e sensível, moderno e jovial, adjetivos raros em tempos de velhice artistíca. João Bosco não tem pressa e o ritmo é calmo, ultrabalanceado com salsas e merengues, mineirices e carioquices e o resultado é simplesmente brilhante, divino, sensacional. O mestre João deu o recado e a carapuça serviu para quem quisesse. Há malabaristas espalhados por todos os cantos, como atesta o disco, não apenas nos semáfaros e esquinas, mas sim dentro de nossas casas, na casa do vizinho, no trabalho, na música. O eco de sua música nos deriva de qualquer suspeita momentânea: João capta os melhores ruídos e nos brinda com o melhor de sua música. Cada melodia tem um estilo monárquico de dizer algo, seja no campo amoroso, seja no campo político. Os malabaristas de João, assim como os escafandristas de Chico Buarque estão espalhados por todos os lados, por todos os campos, por todos os subníveis. Inclusive do seu.
 
 
 
Os Malabaristas do Sinal Vermelho / João Bosco
Nota 10
Marcelo Teixeira

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