A bossa sensível de Zizi |
Quando Zizi Possi lançou Bossa,
houve muita confusão, porque todos acharam que o disco seria uma homenagem à
bossa nova e, quando ouvimos música a música, uma ou outra canção remetia ao
movimento. Zizi Possi, na verdade, não queria fazer de Bossa um disco de bossa
nova. Ou melhor, queria fazer um disco de não-bossa, armando-se de
complexas explicações conceituais sobre células de bossa nova e outros babados.
Ela cai numa contradição ao tentar explicar demais a obra, principalmente
porque, entre a bossa e a anti-bossa, Zizi não escolhe nem uma nem outra:
prefere a si mesma. Assim, não dá para deixar de notar que a tal
reinterpretação do cânone bossanovístico nem ficou tão inovadora e inédita
assim - pois mais do que qualquer conceito, o que impera em Bossa é a diva, cantora de
técnica impecável e eternamente no fio entre a dramaticidade do canto e a
aspiração cool dos arranjos que a cercam. Mediano como disco de bossa
nova e meio frustrante como viagem criativa, o novo CD é, mais de tudo, ótimo
em um gênero no qual a cantora é única: o ser Zizi Possi.
A bossa de Zizi é elegante, feita de sonoridades sutis (reforçadas pelas inevitáveis cordas gravadas em Londres). A condução do álbum é dada pelo violão de batida joãogilbertiana de Camilo Carrara, que permeia o disco (quase) de ponta a ponta. Assim como elegante também é a cantora que se derrama em um repertório quase todo já conhecido, à exceção de duas faixas. Uma delas, Qualquer Hora, talvez seja o melhor momento do CD, na qual Zizi sussurra a bordo de um arranjo intrigante e desconstruído.
A bossa de Zizi é elegante, feita de sonoridades sutis (reforçadas pelas inevitáveis cordas gravadas em Londres). A condução do álbum é dada pelo violão de batida joãogilbertiana de Camilo Carrara, que permeia o disco (quase) de ponta a ponta. Assim como elegante também é a cantora que se derrama em um repertório quase todo já conhecido, à exceção de duas faixas. Uma delas, Qualquer Hora, talvez seja o melhor momento do CD, na qual Zizi sussurra a bordo de um arranjo intrigante e desconstruído.
A outra novidade é um Herbert
Vianna não exatamente memorável (Eu Só Sei Amar Assim, que apesar de
tudo tem um refrão bonitinho). Novidade também há na duplicada Preciso Dizer
que Te Amo, que ganha uma versão normal para abrir o álbum e outra alterada
para fechá-lo. Essa segunda passagem pela canção pode ser mais perto que Zizi
poderia chegar de um trip-hop, sob a produção de Dudu Marote.
As referências mais explícitas
à bossa ficam também nas entrelinhas - como o atropelamento da métrica
tradicional em Caminhos Cruzados, e também na versão de Preciso
Aprender a Ser Só (que ganhou ares de jazz-song, com contrabaixo e
piano em primeiro plano). Mas quando desencana e canta com tudo o que pode -
como na bela So Many Stars - Zizi faz a todos mais felizes.
Bossa / Zizi Possi
Nota 10
Marcelo Teixeira
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