Merecidamente barbara! |
Não,
leitor e leitora do meu blog Mais Cultura!, para o bem ou para o
mal, Bárbara Eugênia não é uma cantora/compositora fofa nem fez um disco idem. O mais fácil e confortável dos
adjetivos da safra não lhe cabe, murmuro, digo, redundo, aposto, carimbo,
cutuco: Journal de BAD vai além muito além, é disco grande. Guardemos a
tentação ou ideia de fofura no bolso ou no paletó. Fichas na jukebox, moedas na
radiola, prepare seu espírito flamejante para um trilha passional capaz de
reacender, num curto-circuito, todos os corações de néon da cidade, esquinas,
fachadas, motéis, lares, cabarés, tudo muito romântico.
Bleeding
my heart, oh no, canta a moça, com a justa noção de que o
amor cabe e estoura os gomos da pupila na levada psicodélica dos faróis. No
acento do rock ou na chanson, principalmente nesta última, o amor cabe mais
apertado ainda. Música cosmopolita contemporânea, maestro, devidamente matizada
nas cores dos trópicos, com a Harley Davidson de Gainsbourg ao fundo, please,
muito barulho nessa hora.
Não obrigatoriamente um(a)
cantor(a) se parece mais verdadeiro(a) quando interpreta e masca os seus
próprios vocábulos, caso da maioria das faixas deste disco. Bárbara Eugênia,
carioca que vive em São Paulo cercada de gente do mundo todo, se parece sim,
crença nas suas composições, como quem acorda, pega a trilha de sonhos e
submete ao assobio do namoro novo ou afoga tudo na quentura da manteiga que
derrete nos cafés das manhãs.
Na legítima fuga do amor que
trava ou enferruja no calendário (Agradecimento)
ou no medo do goleiro diante do pênalti (A
chave), cuidado frágil – este lado para cima!-, aí vem a moça cronista do
infortúnio e da ventura amorosa, cotidianos em desabridas letras.
Journal de BAD é
também um disco novo com o melhor dos sintomas modernos da música que se faz
hoje no Brasil e em São Paulo: o ajuntamento de artistas como Junior Boca
(guitarra, violão, produção e direção musical), Dustan Gallas (baixo, piano,
órgão, teclados, mixagem e produção) e Felipe Maia (bateria), só para citar um
trio de frente.
Porque reparando ainda nos
créditos, lá vem uma regravação de Fernando Catatau (O Tempo, Cidadão Instigado), uma composição de Junio Barreto, outra
de Tatá Aeroplano, colaborações de Pupillo e Dengue (baixo e batera da Nação Zumbi),
Otto na goela, Karina Buhr, Juliana R. Um mar de gente e de histórias.
Conheci o Journal
de BAD, com este mesmo título, ainda como uma espécie de newsletter
afetiva distribuída por Bárbara Eugênia aos amigos e conhecidos. Aí está a
origem do batismo. É o que este CD reverbera com seus arrastões de epifanias e
encantos. E é por todos esses adjetivos acima citados que tenho o enorme prazer
de dizer aos quatro ventos, aos quatro cantos e com um grito despojado e
despudorado, que berro ferozmente que Barbara Eugenia será uma das melhores
cantoras de todos os tempos. E ocupando o décimo oitavo lugar do Mais
Cultura!, Barbara alcança uma seta e tanto aprimorando nossa MPB.
Décimo
oitavo lugar: Barbara Eugenia
As
20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos
Marcelo
Teixeira
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