O disco de Arnaldo |
Não é de hoje que venho alimentando
o desejo de escrever sobre Arnaldo Antunes e de
poder dizer que o cantor e compositor se sobressai melhor em carreira solo do
que com a banda Titãs. Isso fica claro e evidente em seus discos autorais e em
músicas que a banda recusou, colocando o grande artista em destaque inferior
(assim como fizeram com Nando Reis, ex titã). Arnaldo já passeou por todos os
estilos musicais e por todas as esferas, que fica quase impossível dizer que
não tenha sido explorador de alguma categoria musical. Grande poeta que
consegue transpassar para a música o seu recado, Arnaldo vêm de uma veia
roqueira com o coração manso, passando pelo mundo infantil (Pequeno Cidadão) até chegar os
sensacionais e líricos Qualquer (2006)
e Iê Iê Iê (2009). Pelo conjunto da obra e
pela sofisticação territorial que conseguiu alcançar, o músico chegou à sua
extensão poética de qualidade ímpar e solitária com o disco que chega a ser o
ápice de sua carreira: Disco (2013 /
Rosa Celeste / 27,99). Mas por que esse disco é tão bom assim? O que
têm de tão especial que os outros discos dele não têm? Disco é simplesmente o
resumo categórico de vinte anos que podaram a inteligência monumental de sua
existência física e mental. A métrica simples que foi incorporada a todo o
momento de forma única é o que marca a simetria de Disco, uma obra que
praticamente nasceu pronta, mas que ficara guardada por muitos anos, em um
simbolismo cultural arcaico perante os olhos de uns e sentimental e puro
perante os olhos do autor principal. Tudo aqui soa muito simples, muito calmo e
muito lúdico e, por esse motivo, Disco
acaba sendo um disco atemporal, lírico e sincero.
Disco
(2013) / Arnaldo Antunes
Nota
9
Marcelo
Teixeira
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