sábado, 4 de março de 2017

A obra-prima de Eduardo Gudin


Obra-prima de Gudin
Se fosse apenas pela interpretação de Eduardo Gudin, Um Jeito de Fazer Samba (2007 / Dabliú Discos / 26,99) já seria um disco e tanto independentemente de sua categoria. Mas as participações de Paulinho da Viola, Vânia Bastos e Quinteto em Branco e Preto fazem tanta diferença, que fica impossível não dizer que esse disco de Gudin não seja perfeito dentro de sua esfera.  Centrado em seu jeito particular de fazer samba, um jeito característico do compositor, esta obra-prima projeta a evidência de seu lado cancionista, como letrista em composições inéditas de sua lavra, bem como em músicas também surgidas no decorrer da vida, mas nunca antes gravadas, em parcerias com Paulinho da Viola, Francis Hime, Paulo César Pinheiro, Luiz Tatit, J. C. Costa Netto, Nelson Cavaquinho e Roberto Riberti. Este belo e rico trabalho celebra a expressão de um artista em sua plena convicção autoral e dominadora, fortemente ligada ao samba e à cultura assimétrica do Brasil, sublinhando a sutil formação do conjunto de informações musicais que assolaram nosso país quando o disco fora lançado. De 2007 até hoje são 10 anos de diferença e lá naquela época a proposta musical como um todo era diferente da de hoje, que requer uma malandragem sambística atemporal que nunca se viu.  O repertório de Um Jeito de fazer Samba tem dois momentos sublimes: a participação de Francis na composição da exuberante Moto Perpétuo e Luiz Tatit em Sensação. Destaque maior para O Amor e Eu, um dos sambas mais lindos que Eduardo Gudin compusera em um momento de distraída atenção poética e que resultou no samba de maior destaque de todos os tempos e que está aqui, bem neste disco atemporal, com um frescor único e sensibilizado à flor da pele.

 

Um jeito de se fazer samba (2007) / Eduardo Gudín
Nota 10
Marcelo Teixeira

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