Obra-prima de Gudin |
Se fosse apenas pela interpretação
de Eduardo Gudin, Um
Jeito de Fazer Samba (2007 / Dabliú Discos / 26,99) já seria um
disco e tanto independentemente de sua categoria. Mas as participações de Paulinho
da Viola, Vânia Bastos e Quinteto em Branco e Preto fazem tanta diferença, que
fica impossível não dizer que esse disco de Gudin não seja perfeito dentro de
sua esfera. Centrado em seu jeito
particular de fazer samba, um jeito característico do compositor, esta
obra-prima projeta a evidência de seu lado cancionista, como letrista em
composições inéditas de sua lavra, bem como em músicas também surgidas no
decorrer da vida, mas nunca antes gravadas, em parcerias com Paulinho da Viola,
Francis Hime, Paulo César Pinheiro, Luiz Tatit, J. C. Costa Netto, Nelson
Cavaquinho e Roberto Riberti. Este belo e rico trabalho celebra a expressão de
um artista em sua plena convicção autoral e dominadora, fortemente ligada ao
samba e à cultura assimétrica do Brasil, sublinhando a sutil formação do
conjunto de informações musicais que assolaram nosso país quando o disco fora
lançado. De 2007 até hoje são 10 anos de diferença e lá naquela época a
proposta musical como um todo era diferente da de hoje, que requer uma
malandragem sambística atemporal que nunca se viu. O repertório de Um Jeito de fazer Samba
tem dois momentos sublimes: a participação de Francis na composição da exuberante
Moto Perpétuo e Luiz Tatit em Sensação. Destaque maior para O Amor e Eu, um dos sambas mais lindos
que Eduardo Gudin compusera em um momento de distraída atenção poética e que
resultou no samba de maior destaque de todos os tempos e que está aqui, bem
neste disco atemporal, com um frescor único e sensibilizado à flor da pele.
Um
jeito de se fazer samba (2007) / Eduardo Gudín
Nota
10
Marcelo
Teixeira
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