Sintonia do grupo em alta |
Eles não eram oito e sim nove e o
nome não era só Titãs e sim Titãs do Iê Iê. A banda nada mais era do que um
grupinho de amigos reunidos em torno de uma ideia que ainda não estava em
prática e, embora tivessem atitudes, algumas músicas e figurinos eram bastante
excêntricas. Eles estouraram logo que
surgiram e a música popular brasileira, mais especificamente o Rock Brasileiro,
ganhava sua mais famosa tradução de esperteza, garantia de sucesso e de bons
letristas. Os titãs vieram para ficar e marcaram na indústria fonográfica
discos inesquecíveis, como Volume 2 , que hoje o Mais Cultura!
faz questão de elogiar. O disco Volume 2 (1999 / Sony /
26,99) foi um marco na história da banda, com mais de seiscentos mil cópias
vendidas e ganhou ares novos, com roupagens novas e facilitando e muito as
músicas inéditas que contem no disco. Abrindo com Sonífera Ilha, a música virou um hino na voz de Paulo Miklos e aqui
a nova roupagem ganhou trompete e trombone e ficou mais dançante que na
primeira versão. Outra que ganhou novos
ares foi Lugar Comum, que agora
ganhou brilho na voz de Branco Mello e a gaita de Flávio Guimarães brinca com a
guitarra de Tony Bellto, conversando no intervalo da canção.
Escrever
sobre os Titãs é uma coisa rara. Primeiro, sem dúvida, pelo fato de saber que
já estamos velhos o suficiente para acompanhar uma banda por 30 anos. Mas
digamos que eu não queira falar sobre isso agora. O motivo maior de desconforto
tem a ver justamente com a banda em questão, ou ainda, com seus 30 anos de
estrada. Ter sobrevivido tanto tempo num universo tão desfavorável ao
envelhecimento como essa da música é um sinal de força ou de fraqueza? Estar em
cena tanto tempo, muitas vezes sobrevivendo apenas de sucessos de dez ou mesmo
de 20 anos atrás, faz sentido?
Por
este mesmo motivo e talvez para ter a minha própria resposta, Volume 2 mostra que sim, que faz toda a diferença cantar
músicas de outras estações. Fazendo parênteses (eu amo isso!), meu primeiro
contato com os integrantes do grupo foi lá pelo início do ano 2000, nos
Jardins, na Alameda Lorena (lugar que, por ventura, encontrei outros artistas,
como a escritora Patrícia Mello, a cantora Miúcha, a atriz Tônia Carreiro, a
cantora Maffalda Minozzi) e com os Titãs não poderia ser diferente.
Volume 2
carrega no brilho e na sofisticação todos os elementos próprios para que o
disco seja um dos melhores da banda e da discografia nacional, porque traz a
sensação de liberdade de todos ali envolvidos e, de quebra, traz também a
jovialidade característica de cada um. Temos aqui ainda o Nando Reis e o
Marcelo Frommer, mas não temos a soberania de Arnaldo Antunes fisicamente,
embora suas canções estejam no disco.
O
disco foi muito bem aceito pela crítica e público e a banda não deixou ninguém
na mão. Foi um disco de relembranças de um tempo em que os Titãs eram
reconhecidos como a melhor banda dos últimos tempos da última semana e
comprovadamente, foi o melhor lançamento de coletâneas de todos os tempos,
incluindo aqui as inéditas. Vale a pena ouvir um clássico como Volume 2 pela capacidade incrível que os músicos puderam
demonstrar ao longo de suas carreiras e para sentirmos a sensação de que o
melhor está aqui, reunido em um único disco, capaz de nos levantar e dizer que
a banda é única.
Volume 2 / Titãs
Nota 10
Marcelo Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário