Jogo de palavras e bela voz de Xenia |
No dialeto africano iorubá, Aláfia
significa felicidade ou caminhos abertos e é bem esta a proposta que faz o
grupo Aláfia, que estreia em disco grandioso e que tem como meta desencandear e
se aprofundar nos ritmos da África de Nelson Mandela e também no funk dos anos
1970 e no hip hop norte americanos, mas com um toque extremamente brasileiro. Aláfia (2013
/ YB Music / 26,99) é um disco gostoso de ouvir e ouvir e repetir, mas não
chega a ser um dos melhores lançamentos do ano, embora seu estilo seja
conservador e transgressor para os padrões musicais de hoje em dia. Um trabalho
com a antena ligada em um cosmopolitismo de diversos ritmos conceituados, como
o samba, o funk, o reggae e ao mesmo tempo viaja em um conceito de brasilidade
sem muita afetação. O vocal de Xenia França, uma negra lindissima que tem uma
voz e uma presença de palco impressionantes, vai numa potência inabalável na
faixa Ela é Favela ou suavemente doce
em Homem Que Virou Música, em que
mistura uma voz sensual e sexy. O disco tem um potencial para alguns hits, como
Baile Funk, Mais Tarde e a própria Ela é
Favela, que tem participação de Lurdes da Luz. Este disco de estreia foi
gravado ao vivo em estúdio e ainda que não traga uma grande mudança dentro da
estética brasilidade-suingado-intercâmbio-afro, é um balaio interessante e
muito bem criativo.
Outro
grande feito achado no grupo Aláfia é saber aproveitar a tradição da música
negra dentro da cultura musical brasileira e fazem tudo isso dentro de um
vínculo com a África sem pretensão. O jogo de palavras ritmadas é de arrepiar e
as letras dificílimas de cantar por vezes, fazem toda a diferença aqui. Mais do
que se apropriar da estética e da linguagem africanas, o grupo parece ir além e
se impregna das raízes no discurso, nas vestes, nas letras e em cada momento do
disco.
A
África está por todo o canto. Feche os olhos e sinta a música de Aláfia.
Aláfia / Aláfia
Nota 7
Marcelo Teixeira
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