Joyce: maravilhosa sempre |
Todo disco da cantora Joyce desde o
seu lançamento como interprete é bem vindo, assim como suas canções compostas
solo ou em parceria com os grandes músicos brasileiros ou internacionais. Mesmo
com a onda de cantoras pop ou algumas que surgem do nada dentro da MPB e
desaparecem logo na primeira esquina, Joyce é o oposto disso tudo e continua
firme fazendo discos cada vez mais autênticos, maravilhosos e audaciosos.
Sucesso de primeira grandeza no Japão e esquecida por muitos aqui no Brasil,
Joyce ressurge como quem nada quer no disco Tudo (2013 / Far Out / Biscoito Fino /
49,00). Um retorno muito bem vindo ao jazz brasileiro, a cantora se refere a
sua música como sendo MCB (Música Criativa do Brasil) e consegue atrair ouvidos
sensíveis por onde passa pelo conjunto da obra. Muitas vezes, Joyce encanta
apenas pelo solo que faz entre sua voz, seu banquinho e seu violão. Sua voz é
um conjunto variado íntimo que fornece um lembrete do alcance vocal e de sua
habilidade instrumental, igualmente suave e sublime, nos trazendo um pouco do
frescor, da habilidade, do carisma e da musicalidade vibrante que sua música
nos transpassa. Há beleza em Tudo, jma beleza real
que Joyce traz com franqueza e paixão para os que já se tornaram clássicos no
disco.
Joyce
Moreno lança Tudo, o primeiro CD de canções inéditas em
dez anos . Como o nome já diz, Tudo remete à diversidade de gêneros musicais
presentes no belo repertório, que tem desde samba até galope nordestino, jazz,
choro, bossa nova. O álbum chega ao Brasil depois de ter sido escolhido pelo público
da cantora (que exigiram a vinda do CD do Japão). O novo disco trás canções
inéditas e que com certeza encantaram os que ainda não conhecem a obra e a
musicalidade de Joyce. Das treze faixas, oito têm letra e música da cantora,
mas o disco também tem canções com parceiros de longa data, como o poeta Paulo
César Pinheiro (Quero Ouvir João e Dor de Amor e Água), Zé Renato (Pra Você Gostar de Mim) e duas novas
parcerias, com Nelson Motta (Estado de
Graça) e Teresa Cristina (Sem Poder
Dançar).
Tudo
dialoga com o uso de vozes, seja com um naipe de instrumentos, como em Claude
ET Maurice e no galope Boiou, ambas com arranjos de Maurício Maestro ou até na
emblemática Puro Ouro, com a
participação do coro do coletivo Segunda Lapa, que tem como músicos os sensacionais
João Cavalcanti, Pedrinho Miranda, Moyseis Marques e Alfredo Del Penho. O samba marca presença também em Quero Ouvir
João, que traça uma espécie de mapa dos sons atuais do Rio de Janeiro (que
Joyce tanto ama), que mistura tanto o pancadão do funk quanto a levada do
reggae. Em Dor de Amor É Água, um
samba-blues, a participação de Zé Renato, com quem Joyce também divide a
parceria em Pra Você Gostar de Mim,
só faz reafirmar a existência de ambos dentro da MPB.
Vale
à pena ouvir Tudo pela simplicidade com que o disco nos
conduz a variantes de nossas vidas e pelo conjunto de ser uma obra puramente
brasileira, de uma cantora brasileira, com um sotaque brasileiro, bem ao estilo
de que tudo merece sua atenção. E Joyce Moreno merece.
Tudo / Joyce
Moreno
Nota 10
Marcelo Teixeira
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