Sandy e o ostracismo musical |
E lá se vai 2016 e nada de Sandy produzir um disco a sua altura. Talvez seja uma
tarefa difícil, talvez seja uma tarefa de se repensar em sua trajetória de vida
artística e colocar em plano um disco verdadeiramente autoral e brasileiro, sem
esses lances de ser piegamente americanizada. Sandy é uma cantora de excelente
qualidade, mas se perdeu em nuances nada estratégicos ao se desfazer da dupla
com seu irmão. Óbvio que nada dura para
sempre e seria extremamente estranho ver Sandy e Junior cantando músicas
romantizadas com teor adolescente e clichê adulto para uma plateia que os viram
crescer. Em 2011 anunciei aqui no Mais Cultura Brasileira que Sandy
enfrentaria um ostracismo gigantesco em tempo recorde e fui abatido com
espinafradas generalizadas por todos os cantos do país, de fãs exaltados pela
minha escrita e até de amigos enfurecidos com o teor da minha resenha. Entre
2011 e 2016 a cantora não produziu nada de significação extremamente
extraordinária para o campo musical e nem angariou fãs pela estrada afora. Pelo
contrário: neutralizou esses fãs e gravou um disco aqui e outro acolá, mas com
a mesma superficialidade de sempre. Contraiu o distanciamento de pessoas que
seguiam seu trabalho e marcou definitivamente seu nome no mundo dos cantores em
decadência excessiva. Sandy, reitero, é uma boa cantora, tem talento e tem voz,
mas ultimamente lhe falta o essencial: carisma. Com o nascimento de seu filho,
a cantora passou a ter uma atitude incoerente com relação ao mundo que a cerca
e passou a se sentir perseguida por algo que parece que estava a incomodando.
Ainda que seja fácil o seu retorno triunfal ao mundo do showbizz, a cantora
precisará utilizar um recurso muito válido para artistas que enfrentam esse
frama – o ostracismo do ostracismo. Sandy não chegou a inda no que chamo de o
segundo ostracismo, que é aquele que ninguém mais comenta ou lembra do artista,
mas poderá facilmente chegar nele se continuar com uma postura impiedosa para
os dias de hoje. Sandy não conseguiu encontrar a realidade fora de seu globo
blindado e insiste em ser a meninina nobre e boa de família, que segue a risco
os tradicionais calendários anuais e que foge de todo e qulquer resquício de
bombardeio. É preciso uma mudança radical em seu mundo para que a cantora seja
novamente a queridinha de dez entre dez fãs. O mundo da música mudou, a
história mudou, as cantoras mudaram, mas Sandy continua com o ar de se mostrar
verdadeiramente prolixa para o seu público e para aqueles que estão iniciando
em sua jornada. Enquanto Sandy prefere enfrentar o ostracismo decalarado, sua
inimiga musical sopra de vento em pompa em seu universo. Refiro-me a cópia
quase perfeita de Sandy, a cantora adolescente Manu Gavassi.
O
ostracismo anunciado de Sandy
Por
Marcelo Teixeira
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