Marina: popular, elitista e agressiva no Rock |
Há uma atmosfera que ronda a música
popular de alma roqueira e agressiva de Marina Lima e que está gravada em
praticamente toda a sua discografia, não deixando margens para que o seu
universo se perca por entre ruínas dissoluveis e papiros transgressores. Para
os anos de 1980, Marina Lima representou não apenas a alma roqueira da cantora
brasileira como bem salientou que não era preciso ter voz para alcançar altas
notas ou que fosse um mero produto do mercado naquele momento. Marina
represento mais do que sua própria música exigia: representou o lirismo e a
ingenuidade do rock na sua mais plena satisfação. A suma importância de seu
nome na música brasileira representa a maior divindade corporativa de um
segmento que ainda persiste até hoje, com outras nuances e outros objetivos.
Sim, o rock mudou. A música brasileira mudou. Se de um lado havia uma Rita Lee
tresloucada e uma Ângela Ro Ro que bebericava dessa mesma fonte mas numa outra
vertente mais romântica, de outro lado e com mais conformismos, tínhamos Marina
Lima, cantora composta dentro de sua neutralidade, que cantava auilo que sua
voz permitia e aquilo que sabia que o povo queria ouvir. Por traduzir tão
fantasticamente o cenário carioca, a cantora nascida no Piauí revela em seus
discos o estilo único da mulher que consegue compor em sua forma magistral. Marina
foi a nordestina que mais bem traduziu o Rio de Janeiro em sua forma
geográfica, geométrica, plural, popular, elitista e hermética. Suas músicas são
o reflexo poderoso de um tempo que o próprio tempo tenta apagar, com algumas
ressalvas conservadoras e com alguns aspectos privativos. Atrevida, sensual,
erótica, provocadora, instigante, Marina Lima foi tudo e mais um pouco em sua
meteórica carreira blindada entre a solidão na arte de compor e a alegria na
arte de se lançar. Marina conheceu a tristeza e as amarguras de uma década
marcada pelo bom som e pela decadência da boa música, mas nem por isso sua
majestade gloriosa derrapou: ela soube o momento de parar para dar lugar às
novas vozes. Vozes essas que não chegaram ao seu estrelismo, ao seu magnetismo
e nem ao seu talento. Marina Lima foi única, lunar, absolutamente ela. Longe
dos holofotes devido a um grave problema de saúde nas cordas vocais e depois de
uma depressão severa, a cantora ainda
lança discos (menos convidativos, mas originais) ainda é referência
quando se fala de rock, de musicalidade nacional e de competência artistíca.
Para quem não a conhece, seu nome é Marina Lima.
A suma importância
de Marina Lima
Por Marcelo
Teixeira
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