terça-feira, 19 de abril de 2016

O Bang de Anitta



 



Sucessos descartados

Não existe comparação de Anitta com nenhuma outra cantora brasileira em atividade hoje em dia. E nem poderia existir porque Anitta é única e exclusiva: apenas ela consegue ser ela. E ela consegue ser melhor cantando do que falando, cantando do que dando entrevistas, cantando do que fazendo qualquer coisa. Mesmo que sua especialidade não seja a voz e nem a mente, Anitta se sobressai apenas com seus glúteos avantajados (Freud poderia explicar isso!). E só. Mas não posso deixar de dizer que Bang (2016 / Warner Music / 28,99), sua nova produção, é legalzinha dentro dos padrões do pop nacional. Mas as únicas músicas que se superam nesse disco é a faixa título e a número dois, Deixa ele sofrer, porque as outras faixas são de uma tristeza que só: músicas que não nos leva a lugar nenhum em questão de intelectualidade e/ou musicalidade. Óbvio que Anitta não é uma cantora que foi produzida para ser a musa da MPB e nem pensaram na possibilidade de fazer dela uma nova Elis Regina ou Gal Costa e, por esse mesmo motivo, a cantora consegue ser autoral naquilo que faz, consegue ser ingênua em suas entrevistas e muito sincera em suas opinões e, talvez por isso e nesse quesito, seja melhor ouvir suas músicas. Anitta é o tipo de cantora que precisa se conhecer mais e estar mais antenada com o mundo que gira ao seu redor e mesmo sabendo que isso poderá demorar muito para acontecer, ela parece que prefere ficar nesse mundinho pop fashion que não enriquece a ninguém culturalmente. Porém, preciso ressaltar aqui que a cantora consegue dar a volta por cima e lançar discos cada vez mais audaciosos, dispostos a estarem em primeiro lugar nas paradas de sucesso e a angariar status de diva da música popular brasileira. Anitta é a favorita de dez entre dez jovens e passou a ser a nova queridinha do momento glamour. Mesmo não cantando nada, a cantora mais esboça seu corpo do que canta suas músicas e isso não é um defeito maior, até porque Anitta passou a ter corpo para poder exibir nacionalmente. Mas o que peca aqui é a qualidade musical de seu novo álbum: apenas Bang consegue ser atraente, nada mais do disco é atrativo e isso se prova nas estações de rádio e programas de TV. Com várias participações especiais, Bang passa a ser o melhor da carreira da cantora por ser o mais bem produzido, o melhor adaptado, o mais hermético e o que traz uma sonoridade mais explícita de Anitta. Mas quem ouve Bang por inteiro logo pára para poder pincelar músicas antigas de sua carreira. De fato e tediosamente, a cantora consegue ser uma diva daquilo que produz, mas o que Anitta precisa entender é que as divas tropeçam, caem, se machucam, erram e umas nem levantam com o tempo.

 

Bang / Anitta
Nota 7
Marcelo Teixeira

 

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