segunda-feira, 25 de abril de 2016

1976: o ano de Milton Nascimento

Capa estranha e disco mediano de Milton
O ano de 1976 era o décimo na carreira artística de Milton Nascimento, um cantor que vinha agradando ao público desde os anos 1960 pela potência de sua voz e pelas composições de força impactante que produzia em um país sem alma. Foi um ano intenso, marcante , profundo e determinante em sua carreira. Além de produzir o álbum Geraes com a participação dos novos amigos Chico Buarque, Mercedes Sosa e o conjunto chileno Agua e de musicar Maria, Maria, a peça de estreia do grupo de dança contemporânea Corpo, Milton ainda encontrou um tempo em seu calendário para gravar o seu terceiro disco nos Estados Unidos. Dessa vez, um álbum com todas as canções traduzidas para o inglês para facilitar a divulgação nos mercados norte-americano e mundial. Deu certo. O novo disco foi intitulado apenas de Milton e seria o primeiro do contrato recém-assinado do cantor e compositor com a gravadora de maior prestégio lá fora, a A&M Records. Das nove músicas selecionadas, duas eram inéditas: Raça, composta em parceria com o grande amigo e poeta Fernando Brant e a bela, visceral e prodigiosa Francisco, composição solo de Milton. Milton estava em todas as bocas com o lançamento deste disco, mas esse feito só aconteceu devido o lançamento anterior, Geraes, que comoveu o público com ricas e belas canções, lançado também no emblemático ano de 1976. Ao todo, Milton lançava dois discos simultaneamente, um feito e tanto para um artista nos anos 1970. A grande sacada deste álbum foi o fato de mesclar músicos brasileiros tarimbados na missão de tocar com o genial autor de Travessia, como Novelli no baixo, Toninho Horta na guitrra e Robertinho Silva na bateria com alguns brasileiros radicos nos Estados Unidos, caso dos percussionistas Airto Moreira e Laudyr de Oliveira e o trombonista Raul de Souza, o tecladista uruguaio Hugo Fattoruso e os jazzistas americanos Wayne Shorter no sax e Herbie Hancock nos teclados.  Milton (1976 / A&M Records / 24,99) não é um grande disco na carreira de Milton Nascimento, mas confirma a sua identidade dentro da música popular brasileira. Agora o disco volta com força total às paradas devido a faixa Francisco ser tema de abertura da novela Liberdade, Liberdade (2016, Globo), em que homenageia Tiradentes e sua filha Joaquina. Seja como for, a impactante e majestosa canção ganha todo o disco, faz uma entrada triunfal na novela e capitula o vacalise de Milton Nascimento para sempre.

 
Milton (1976) / Milton Nascimento
Nota 9
Marcelo Teixeira

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