Capa estranha e disco mediano de Milton |
O ano de 1976 era o décimo na
carreira artística de Milton Nascimento, um cantor que vinha agradando ao
público desde os anos 1960 pela potência de sua voz e pelas composições de
força impactante que produzia em um país sem alma. Foi um ano intenso, marcante
, profundo e determinante em sua carreira. Além de produzir o álbum Geraes
com a participação dos novos amigos Chico Buarque, Mercedes Sosa e o conjunto
chileno Agua e de musicar Maria, Maria,
a peça de estreia do grupo de dança contemporânea Corpo, Milton ainda encontrou
um tempo em seu calendário para gravar o seu terceiro disco nos Estados Unidos.
Dessa vez, um álbum com todas as canções traduzidas para o inglês para
facilitar a divulgação nos mercados norte-americano e mundial. Deu certo. O
novo disco foi intitulado apenas de Milton
e seria o primeiro do contrato recém-assinado do cantor e compositor com a
gravadora de maior prestégio lá fora, a A&M Records. Das nove músicas
selecionadas, duas eram inéditas: Raça,
composta em parceria com o grande amigo e poeta Fernando Brant e a bela,
visceral e prodigiosa Francisco,
composição solo de Milton. Milton estava em todas as bocas com o lançamento
deste disco, mas esse feito só aconteceu devido o lançamento anterior, Geraes,
que comoveu o público com ricas e belas canções, lançado também no emblemático
ano de 1976. Ao todo, Milton lançava dois discos simultaneamente, um feito e
tanto para um artista nos anos 1970. A grande sacada deste álbum foi o fato de
mesclar músicos brasileiros tarimbados na missão de tocar com o genial autor de
Travessia, como Novelli no baixo,
Toninho Horta na guitrra e Robertinho Silva na bateria com alguns brasileiros
radicos nos Estados Unidos, caso dos percussionistas Airto Moreira e Laudyr de
Oliveira e o trombonista Raul de Souza, o tecladista uruguaio Hugo Fattoruso e
os jazzistas americanos Wayne Shorter no sax e Herbie Hancock nos teclados. Milton (1976 /
A&M Records / 24,99) não é um grande disco na carreira de Milton
Nascimento, mas confirma a sua identidade dentro da música popular brasileira.
Agora o disco volta com força total às paradas devido a faixa Francisco ser tema de abertura da novela
Liberdade,
Liberdade (2016, Globo), em que homenageia Tiradentes e
sua filha Joaquina. Seja como for, a impactante e majestosa canção ganha todo o
disco, faz uma entrada triunfal na novela e capitula o vacalise de Milton
Nascimento para sempre.
Milton (1976) /
Milton Nascimento
Nota 9
Marcelo Teixeira
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