Tomada sem muita força |
Com
uma capa horrível e um repertório fraco, paupérrimo e ao mesmo tempo
melancólico, o cantor e compositor Filipe Catto consegue afundar seu nome na
música brasileira com aquilo que mais sabe fazer: cantar e bem. Mesmo sendo um
dos melhores cantores do seu tempo (do nosso tempo também), Filipe conseguiu
deixar se levar pela diferenciação em repertórios e cair na mesmice que muitos
cantores fazem: o de se deixar levar pela onda do pensamento próprio, ignorando
seu início, seu meio e pondo um contraponto no final. Filipe Catto errou ao
lançar um disco como Tomada (2015 /
Radar Record / 28,99), em que foge do existencialismo de sua
criação autoral para dividir canções com outros compositores competentes, mas
que não estão na mesma pegada que o cantor gaúcho. A começar pelo título do
disco, Tomada, tudo gira em
torno de uma insignificância ímpar ao detonar seu lado artístico e derrubar seu
equilíbrio musical sem pensar em seu lado empírico. Falta aqui um pouco de Fôlego (2011) e muito de Entre Cabelos, Olhos e Furacões (2013) para
que Tomada soasse um pouco
melhor. Sem contar o erro dramático de Filipe querer cantar as músicas de
Cássia Eller em espetáculos Brasil a fora, o cantor parece ter tomado alguma
coisa a mais em seu café da manhã para ter tantos erros e poucos acertos nos
últimos trabalhos. Se muita gente se emocionou ao ver Catto cantando Cássia
Eller, eu detestei: Filipe vestiu roupas anormais, touca estranha, cantou sem
emoção e não mostrou nada de diferente para ninguém. Pelo contrário: se mostrou
indiferente a cada apresentação e por sorte esse acontecimento não virou disco
registrado. Vamos retornar à Tomada:
o disco não é de todo ruim, mas não é um disco em que podemos parar para ouvir
mais e mais e mais e que aos poucos se transforma em um disco com limitações e
poucas vivências, sem muita empolgação e nostalgia e fraco para um cantor
excelente, de gabarito e muito profundo.
Tomada (2015) / Filipe Catto
Nota 7
Marcelo Teixeira
2 comentários:
Algum crítico frustrado por não ter ganhado o disco autografado...
Discordo, Tomada mostra o outro lado do artista. Ao vivo funcionou e muito, sai emocionada e com vontade de ver de novo. Filipe Catto é um escândalo em termos de talento, um dos melhores dessa nova geração. Vai ser muito conhecido e respeitado, escreve aí.
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