Max e sua boa música |
Assim como a grande mídia não dá o
devido valor aos seus grandes compositores ou cantores dentro de seu próprio
país de origem, alguns desses cantores tentam burlar essa autonomia flagelada
para tentarem mostrar seus trabalhos com digno respeito de estrelas da música nacional.
Muitas vezes, esses cantores acabam sendo esquecidos pelo público, que acabam
descobrindo outros interpretes ou outras sonoridades e, com isso, muitos
cantores ditos bons acabam sendo desvalorizados. Esse é o caso do cantor,
compositor, guitarrista, instrumentista, inquieto e filho de Wilson Simonal, o
super talentoso Max de Castro, irmão de Wilson Simoninha. Em 2002, o Brasil pôde
conhecer melhor seu lado cantor, quando o mesmo lançou o sensacional Orchestra Klaxon (2002 / Trama / 28,99),
em que mistura jazz, MPB, samba e até romantismo. Com participação de Paula
Lima e letras de Marcelo Yuka, Erasmo Carlos e Nelson Motta, o CD é um dos mais
belos de toda a história da música do século XXI, por ser emblemático,
audacioso e inteligente. Max não poupou críticas ao mundo racial (O Nego do Cabelo Bom), ao mundo do
carnaval (A História da Morena Nua que
Abalou as Estruturas do Esplendor do Carnaval) e nem ao mundo da música
vanguarda (O Futuro Pertence à Jovem
Vanguarda) e tudo isso tem um apreço muito significativo tanto na carreira
musical do cantor, como na vida pública e pessoal das pessoas. Antes de mais
nada, Orchestra Klaxon é um CD
de jazz, indiscutivelmente abrasileirado, bem aos moldes americanos e com uma
privilegiada sonoridade, rica em detalhes, instrumentos e homenagens. O CD foi
incorporado para prestar uma justa rebuscada busca na própria carreira pessoal
do cantor, que conviveu com os maiores mentores da música popular brasileira,
como Nara Leão, Tom Jobim, Milton Santos, João Donato, Dick Farney e artistas
do naipe de Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Eumir Deodato, sem falar do
pai, um dos mais prestigiados cantores de todos os tempos. Podemos classificar
o CD de Max de Castro como uma experiência musical que deu certo dentro um segmento
que ele talvez nem tenha imaginado que daria certo. O disco quando foi lançado
causou um certo furor, pois era um disco caro de ser produzido, difícil de ser
interpretado, difícil de ser degustado e que se tornou alvo fácil dos amantes
da música. Max de Castro arrebatou milhares de pessoas com Orchestra
Klaxon. E entrou para a história da música popular brasileira de uma
vez por todas sendo ele mesmo. Sendo Max de Castro.
Orchestra Klaxon
(2002) / Max de Castro
Nota 10
Marcelo Teixeira
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