Banda do Mar: grata surpresa |
Há uma diferença singular entre a
Mallu Magalhães antes e depois de Pitanga (2011)
seu delicioso disco lançado pós Marcelo Camelo. Desde o primeiro disco que
Mallu já demonstrava toda a sua super potência musical, mas ainda estava
indecisa quanto ao ritmo certo a cantar: considerada a nova Janis Joplin por
alguns e uma legítima cantora que herdaria o folk como destino final, Mallu sempre
demonstrou que era capaz de muito mais em discos lançados com o decorrer dos
anos. A cantora e compositora que foi descoberta através da internet, sempre
teve fama de ser uma péssima cantora e a mesma sempre esteve dividida entre a
cruz e a espada entre os fãs e não fãs. Mallu cresceu, apareceu e mostrou,
depois de Pitanga, que é sim uma
excelente cantora. Assim como seus discos, Mallu Magalhães mostrou que sabe
cantar, compor e rir dessas e outras críticas que fazem a seu respeito. A
participação de Marcelo Camelo foi fundamental para que o crescimento da
menina/cantora/desafinada desenrolasse naturalmente e ela produzisse mais e
mais e mais. Sempre com categoria afinada e buscando pelo ideal refinado dentro
da música brasileira e dentro de seu limite musical, Mallu se juntou ao próprio
Marcelo Camelo e ao guitarrista e baterista Fred para formarem o Banda do Mar (2014
/ Sony Music / 19,99) , com músicas deliciosas e de altíssima
qualidade musical. Em quase tudo aqui podemos lembrar de Marcelo Camelo no Los
Hermanos (caso de Cidade Nova ou Hey Nana) ou de Mallu nos tempos de
início de carreira, como na saborosa e divertida Muitos Chocolates ou Mais
Ninguém. Por falar em Mais Ninguém,
a canção é uma das melhores composições de Mallu, por mostrar que a cantora
realmente amadureceu compondo versos mais decisivos e fortes e isso já tinha
acontecido em Pitanga, quando disse,
à época, que poderiam falar o que quisesse dela, pois ela estava ficando velha
e louca. Assim como no disco solo anterior, a cantora mais uma vez manda
indiretas para os críticos ferrenhos que insistem em debochar de sua carreira,
dizendo que está ótima na faixa Me Sinto Ótima. Marcelo, por sua vez,
tece delicadeza acentuada nas faixas Pode
Ser, que tem vocais de Mallu fazendo contraponto delicioso e sentimental.
Nada deixa a desejar em Banda do Mar,
exceto o estilo de gravação: as músicas que Mallu compôs foram cantadas por ela
como uma declaração de amor a Camelo, suas artimanhas para se mostrar que é uma
menina-moleca-que-canta (e bem!), suas indiretas certeiras e para falar de
amores guardados em seu peito tanto por homens maduros e pela sua gata Mia (retratada em música). Marcelo
também segue a linha romântico e deixa fluir naturalmente músicas singelas como
Vamo Embora e Solar. Infelizmente, não houve uma troca de identidade musical
entre os dois: Marcelo poderia cantar a música de Mallu e vice versa, mas isso
não aconteceu. Mesmo assim, só pela brilhante ideia de saírem de casa para
fazerem um disco juntos foi uma grata surpresa. Tanto para o público
brasileiro, quanto para os fãs de ambos os cantores (e compositores) e para
dizer que Marcelo sobrevive sem o Los Hermanos e Mallu, pela força e vitalidade
de seu canto, sobrevive a qualquer tempestade em um copo d’água.
Banda
do Mar / Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Fred
Nota
10
Marcelo
Teixeira
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