Thiaguinho: criando jargões |
Pagodeiro nato e com estilo próprio
para cantar e se apresentar, Thiaguinho prova
mais uma vez que além de um bom interpréte, sua função maior é colocar na boca
do povo jargões que grudam em nossa memória feito chiclete e que passamos a cantarolar
sem ao menos percebermos. Depois de megas sucessos como Ousadia e Alegria (2012) Caraca,
Muleke (2014), agora o aspirante ao posto de sambista surgiu com o hit Vamo que Vamo (2016
/ Som Livre / 29,00), que já está no topo das paradas de todo o país.
Mas antes de qualquer coisa, é bom deixarmos uma coisa clara aqui neste artigo:
gosto do Thiaguinho, ouço suas canções, mas não ouso acompanhar sua carreira e
muito menos carregar seus discos para cima e para baixo. Não pelo fato de ser
pagodeiro, mas pelo fato de suas músicas não acrescentarem em nada a honrada,
porém sacrificada, Língua Portuguesa. Thiaguinho e sua equipe souberam muito
bem de onde extrair um valor absurdamente rentável ao trazer a tona ditos
populares que a galera logo pára para ouvir. Exemplo claro é seu Vamo que Vamo: além de detonar com a
linguagem habitual meramente linguística, o cantor utilizou artimanhas que
fazem as pessoas erguerem os braços numa manifestação que ecoa festa e
ludicidade. Thiaguinho é experiente nesse segmento e sabe como ninguém a
fórmula de fazer sucesso em um país que ostenta funkeiros com seus carrões,
dissimula seus verdadeiros chavões da MPB, desequilibra a bancada sertaneja e
desorienta outros pagodeiros que adorariam estar em seu lugar. Sem ser caricato,
o disco mereceu uma capa branca contrariando a sua cor natural de pele, o que
ficou muito bacana e estilosa, mas algumas letras deveriam nem mesmo estarem no
disco, tamanha a sua falta de encantamento. Mesmo assim, vale a pena ouvir esse
novo trabalho de Thiaguinho mais pelo som da novidade do que pela motivação
musical. Mas Vamo que Vamo fica
apenas nisso: um festival de pagodes eletrizantes distanciados do verdadeiro
samba, que faz com que o povo pagodeie
alegremente, esquecendo que o legítimo samba é o que está na ponta do pé.
Vamo
que Vamo (2016) / Thiaguinho
Nota
7
Marcelo
Teixeira
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