Luiz Marques: talento e sofisticação |
Em 2005, o cantor e compositor
mineiro Luiz Marques brindou a música popular brasileira com um CD que carrega
apenas o seu nome e sobrenome. A partir daquele momento, surgia um dos discos
mais emocionantes que já ouvi em toda a minha vida: um disco caprichado,
completo, perfeito, divino, adorado, sensível, romântico, brasileiro. Luiz
Marques é um dos melhores cantores e compositores de seu tempo e este talento
já é comprovado por sua carreira composta de muita música, brasilidade e
carisma. E Minas Gerais agradece ao seu propensão e ao seu prestígio junto à
boa MPB, que vez ou outra nos norteia com cantores à sua altura. Uma boa voz,
que interliga a cultura de sua região com a doçura de todo o Brasil, Luiz
Marques consegue alcançar horizontes tão altos e puros, que sua música se torna
algo pertencente à nós, meros ouvintes, que ficamos embasbacados com o tamanho
de sua natureza. Suas músicas refletem aquilo que queremos ouvir: seja uma
canção de protesto, seja uma canção religiosa (Luiz é devoto de Santa Terezinha),
seja nas canções de sentimentalismo aflorado, como na bela e arrebatadora Nem Um Minuto, que mais parece uma carta
de amor sem volta, um acalanto, um resfriamento de alma. Sua música é
verdadeira, sua voz é um uníssono contra a poluição sonora que cisma em assolar
nossos ouvidos. Como ele mesmo canta na música de protestação Fênix no Ar: ‘eu vou dançar, eu vou cantar, eu vou voar!’ E é justamente isso o
que o cantor faz de melhor: cantar. Seu brejeiro reconvexo de cantoria nos
deixa encantados e a emoção é certeira ao ouvirmos músicas como Para Te Encontrar, que conta a história
de um amor perdido no ar, mas que fazemos de tudo para encontrá-lo. Homenagens
à Belo Horizonte estão na singela Ser Tão
Cidade e basta fecharmos os olhos para visualizarmos a cidade, o mato, o
leite derramado, os pastos, a cidade, o sertão, o amor. Basta fecharmos os
olhos para sentirmos o cheiro de Minas Gerais, um cheiro puro, de chuva, de
sol, de belo horizonte. Mídia do Caos é um manifesto contra a
mídia especializada em notícias ruins e nas pessoas que insistem em ficar
atentas, antenadas, sublinhadas neste caos chamado tragédia, sendo uma boa
sacada para criticar, assim, todos os meios de comunicação em massa. Mas a
tarefa de Luiz Marques é cantar e isso ele o faz muito bem. Cantar. Soltar a
sua sensibilidade para o próximo. Voar na melodia de suas letras e de seus
sonhos. Voar, apenas. O ponto alto de Luiz é a sua sensibilidade, que nos
transpassa através de sua emoção, contida, guardada dentro de si, num manto
sagrado, num confortável riso singelo. Esse talvez seja o segredo de Luiz
Marques: ele surge, começa a cantar, começa a
nos emocionar, começamos a nos envolver e ele a nos embalar com suas
ricas músicas, com seu rico vocabulário, com sua rica interpretação, com seu
majestoso violão e nos emocionamos sem querer, pedindo para que aquele momento
não acabe jamais. Isso é para poucos. Ouvindo Luiz Marques e seja qual for a
música de sua autoria ou de qualquer um de seus CDs ou do DVD Mira Certa, eu consigo ter um momento de paz, de
tranquilidade, momento em que consigo pensar nos planos, no próximo futuro, na
boa música brasileira. Essa sensação de poder criativo e imaginário é para
poucos. E Luiz Marques é um dos poucos cantores e compositores que conseguem me
hipnotizar com sua música.
Luiz Marques: um cantor a altura do Brasil
Marcelo Teixeira
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