Daniela: do axé a Chico Buarque |
Inventora do axé music e dona de uma
voz que levanta a multidão, a cantora e compositora Daniela
Mercury é um fenômeno que merece respeito por qualquer seara musical na
qual explora. A prova cabal disso é que seu trabalho lançado no ano passado é
uma mistura que engloba todos os ritmos nas quais a cantora transitou e que
reúne desde Chico Buarque à Margareth Menezes, passando por Chico César e Lenine. Sendo
a Rainha do Axé e com todo orgulho, a cantora fez o diferencial em sua carreira
ao lançar o exuberante O Axé, A Voz e O
Violão (26,99 / Biscoito Fino / 2016) que, na minha modesta opinião,
é um disco que merece atenção, repeito e cumplicidade pelo trabalho integral de
Daniela. Com 16 álbuns solos, além de canções inéditas nesse novo disco,
Daniela nos brinda com ótimas releituras da MPB, o trabalho foi recebido
mornamente pelo público e pela crítica. Aqui há emoção, sentimento, amor e a
cantora nos remete a um passado em que as músicas eram tratadas com um zelo sem
igual. Considero o disco como um todo um tanto minimalista em que a cantora vai
esmiuçando o axé até se transformar em uma potente vocal e explosiva em pérolas
da música popular brasileira e nos brindando com o melhor de seu cancioneiro,
pois ela vai desde o início de sua carreira até chegar aos quilates da
africanidade e se rendendo nos braços buarquianos. Aos 51 anos de idade,
Daniela Mercury continua a se lançar a desafios que cada vez mais
diversificados. Acostumada a sempre estar saracoteando nos palcos em movimentos
amplos e largos, dançando praticamente sem parar, o som aqui fica praticamente
a cargo da orquestra, movida pelo violão e pela suntuosa voz da cantora. Músicas
carimbadas como O Canto da Cidade, Música de Rua, Você Não Entende Nada estão lá, em formato intimista e atemporal.
Vindo desde os primórdios de sua carreira magistralmente bem conduzida, Daniela
resolveu homenagear os mestres Chico Buarque e Gilberto
Gil, assim como para mostrar que tudo é música brasileira, tudo é samba,
tudo é brasilidade. Vale a pena ouvir o
som quase bossa novista da eterna rainha do axé em um momento único, especial e
sublime.
O
axé, a voz e o violão (2016) / Daniela Mercury
Nota
10
Por
Marcelo Teixeira
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