Ed: maldição passageira? |
Quem me conhece sabe perfeitamente o
quanto não suporto o cantor e compositor Ed Motta, mas não suas músicas e muito
menos a sua pessoa, mas sim a sua ignorância, a sua maneira de soltar frases
com sentido intelectual, mas detonando uma classe minotária particular ou
simplória. E mais uma vez o cantor surgiu como uma bomba de efeito moral nas
redes sociais com uma notícia bombástica. Obviamente que Ed Motta é um homem
culto, de palavras e sons difícieis, sendo considerado por muitos criticos
especializados como um dos maiores jazzistas brasileiros de todos os tempos,
mas a capacidade de interpretar suas próprias opiniões acabam por dividir a
sociedade em várias partes obsoletas, que faz com que essas mentes se fechem a
ponto de ridicularizar o cantor. Aqui entra a hermenêutica, palavra pouco
conhecida do grande público e que deveria ser mais utilizada por professores e
críticos de um modo geral. Ed Motta soltou um texto em sua rede social e logo o
público interpretou de uma maneira contrária, áspera e hostil às suas palavras.
Portanto, hermenêutica significa a interpretação de textos. Porém, quem leu o
texto jorrado por Ed, não conseguiu distinguir o que é moral, o que é certo, o
que é errado, o que é nada. Primeiramente, parto de um pressuposto de que nossa
música é, sim, um pólo cultural enraizado em mentes pequenas, sendo considerado
fora do país como um país do axé, do pagode e do nefasto sertanejo
universitário, com seus grupos de oito pagodeiros dançando ridiculamente em um
palco em toques sincronizados que nada acrescentam na nossa rotina; seguindo
com o sertanejo universitário, que Michel Teló, Luan Santanna e Gustavo Lima
cismam em levar como demonstração de música de qualidade para países
escandinavos, europeus e americanos, fazendo com que a nossa imagem se priorize
dessa característica básica de roupagem musical; terminando com o axé de quinta
categoria produzida por Ivete Sangalo, Claúdia Leite, Asa de Águia, Chiclete
com Banana, Margareth Menezes, que usam a sensualidade para demonstrarem a
banalidade cultural que existe por aqui. Neste quesito, concordo com Ed Motta
de que sua música não se iguala a esses rotuladores de qualidade duvidosa. Em
outro parâmetro, o que Ed disse em sua rede social nada mais é que o seu show
nos Estados Unidos seria apenas um show internacional, portanto, fora de sua
terra natal, o Brasil. E que nesse show, não teria nada que lembrasse o Brasil,
nem músicas em português e tudo seria falado e cantado em inglês, que é uma
língua universal. Todo mundo sabe que fora do Brasil existe um grupo de
brasileiros que adoram badernas e se dizem cultos justamente por estarem ali,
mas na verdade, esses brasileiros não sabem se comportar perante um show
musical feito por brasileiros. Eles, os brasileiros, gritam músicas entre uma
canção e outra e isso irrita profundamente o cantor no palco. Por causa dessa iniciativa, o cantor Ed Motta
tomou atitudes mais severas para punir os brasileiros que são formados em ouvir
músicas de quilates inferiores. Joyce Moreno, Daúde, Bebel Gilberto, Rosa
Passos, Barbara Mendes, Ceumar e outros tantos cantores que não são
reconhecidos pelo seu talento em seu país de origem, deveriam fazer o mesmo,
mesmo sabendo que cairão na maldição a qual Ed Motta passa atualmente. Podemos
observar isso claramente em shows realizados aqui no Brasil (e aqui escrevo
direcionado aos meus amigos brasileiros que moram no México, na Espanha e no
Japão) de cantores como Adriana Calcanhotto, Chico Buarque, Gal Costa entre
outros, que nem bem acaba a música, já gritam uma na qual o cantor fizera muito
sucesso ou música muito antiga. Isso, por ventura, acaba tirando a atenção do
cantor e este sabe que o público só está ali para ouvir músicas antigas, não
prestando atenção, talvez, em seu novo trabalho. Ed Motta foi coerente em sua postura,
foi sensato ao ponto ao pedir para que esses brasileiros não gastassem seu
dinheiro para irem ao seu show, pura e simplesmente porque não estarão aptos
para ouvirem as músicas novas de seu trabalho, AOR,
e já evitando um estress maior ainda sabendo que o cantor não cantaria músicas
como Manuel. Já pensando em um modo
de não haver desgastamento em seu show, Ed Motta pisou em uma poça maior ainda:
as palavras de baixo calão que enfrenta nas redes sociais. Se manter sua
palavra até o final e não der a miníma bola para o que se fala a seu respeito
por aí, Ed Motta poderá considerar sua maldição como bem menor. Mas por
enquanto, o cantor vive uma maldição: a maldição de Ed Motta.
A maldição de Ed Motta
Marcelo Teixeira
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