Lu Oliveira: beleza pura |
Sou apaixonado por cantoras e isso
não é novidade para mais ninguém que acompanha o Mais
Cultura Brasileira ou me conhece pessoalmente. O ofício de cantora
requer uma postura disciplinar, um jeito único de cantar, ter uma bela voz,
presença de palco, essencia. Se a cantora tiver todos esses atributos e um
pouco mais, ela está no páreo de ser, para mim, ponto crucial para ser
pertencente ao meu mundo, à minha música, a minha predileção. E Luciana
Oliveira, uma cantora de excelente gabarito, conseguiu preencher todas as
lacunas que a música popular brasileira exige e, de quebra, ganhou a minha
simpatia e virei seu fã. Não é difícil dizer ou tentar explicar aqui o porque
Luciana Oliveira caiu nas minhas graças: o seu canto ecoa dentro de seu
coração, pulsa em suas veias e circula facilmente pelo sangue que corre em seu
corpo numa ressonância que consegue exprimir a qualidade e a capacidade musical
que habita em seu corpo. Luciana Oliveira é, sem sombra de dúvidas, a cantora
que faltava no mercado fonográfico ou a cantora que o público seletivo de MPB
precisava encontrar. E encontrou. Luciana Oliveira tem axé, tem afoxé, tem
samba, tem bossa, tem o canto dos negros cravado na garganta, tem cabelos
crespos volumosos e bonitos, tem pulseiras, miçangas, saia rodada, tem voz. A
valorização de sua música vêm de raízes antigas e sua peregrinação por estes
caminhos seria fatal: a música a fisgou, o público ganhou. Luciana Oliveira é
uma cantora que pensa na música do passado e consegue exprimir na
contemporaneidade a interpretação precisa para cada canção, sendo ela mesma,
autêntica, única, perspicaz e guerreira. Luciana lançou seu segundo CD,
intitulado Pura (2013 / 20,70), cujo
teve a produção magistral do competente Alê Siqueira e teve uma boa repercussão
entre os críticos especializados e pelo público, que soube valorizar o talento
desta grande cantora. Com participações mais que especiais de Elza Soares na
engraçada Condicionada, a segunda
faixa do disco e vale a pena ouvir atentamente a esta faixa pelo simples fato
de haver aqui um contraste, um contraponto de vozes entre as duas cantoras. O
resultado ficou formidável e é impossível não ouvir a música várias vezes.
Luciana solta sua voz doce ao sussurrar Pura
(Eduardo Brechó), nos deixando arrepiados da cabeça aos pés e nos envolve a
largar os tamancos em Samba em Pliet,
de sua autoria. Luciana Oliveira está totalmente pura em um álbum solo,
carregado de sonoridades distintas, ritmos negros, hip-hop bem cadenciado,
sambas alegres, reggae e outros sons legais, que fica difícil não dizer que
Luciana Oliveira é, sem qualquer sombra de resquícios, uma cantora completa.
Pura / Luciana Oliveira
Nota 10
Marcelo Teixeira
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