Luiz Marques e a excelência no cantar |
A música tem seus horizontes, suas
profundezas, seus mistérios, suas sutilezas, seus meandros e seus prazeres,
portanto, podemos senti-la como num todo, com seus aspectos característicos,
sua delicadeza e sua simplicidade. O som que vem de Minas Gerais é um som puro,
angelical, sentimental, sincero e dentro deste canto soa uma das melhores e
mais bem aguçadas vozes: Luiz Marques é um cantor moderno, autoral, perspicaz e
autêntico. Sua música é como um mantra, que adentra em nossa alma e esquecemos
do mundo real, patético e irrisório. Sua voz é de uma delicadeza ímpar, capaz
de nos hipnotizar, nos catalisar e nos intimar para que possamos ouvir mais e
mais e mais. Dificilmente um cantor consegue me arrebatar tanto como Luiz Marques.
Lançando Noite Azul (Luma / 24,00 / 2015),
o cantor prova que realmente é um dos raros cantores que conseguem ser digno de
sua profissão: Luiz sabe o que faz e gosta do que faz. Sendo todas as composições
de sua autoria, o cantor lança seu quinto álbum em um clima de muita
expectativa e recheado de sabores mineiros. Sua sonoridade é tão preciosa, que
não damos margem para que ela se acabe. O regionalismo se faz presente em
algumas faixas (como em Meu Quintal),
assim como o romantismo, que é a marca registrada do cantor, perpassa em
canções como A Luz de Lyon, Mistério e
Paixão e a sensacional Redemoinho.
Posso dizer com propriedade de causa que Noite Azul é um
dos melhores discos do ano e, de quebra, o melhor da carreira de Luiz Marques,
que conseguiu segregar este dos outros álbuns lançados, tendo uma parcimônia
nas melodias e sabendo usar as letras a favor de seu tempo. Há muita singeleza
escondida em cada canção e que pode ser explorada quando ouvimos com delicadeza
faixa a faixa do disco. E é justamente disso que o povo brasileiro precisa: de
discos mais rebuscados, mais suaves, com mensagens que nos inspiram e nos
direcionam a um lugar comum e isso Luiz Marques o faz com uma maestria
incrível. Todas as músicas deste belo álbum se complementam e se alternam entre
o intocável e o real. As músicas são orquestradas numa qualificação única entre
a essência da sintonia com o elogio da eloquência divina. Há arroubos de
saberes nas canções de Luiz Marques e essa expressão significativa está
sublinhada aqui, entre o imperceptível e o sensível. As canções de Noite Azul são de uma primazia sem
igual: aqui há um jogo de situações que nos faz pensar em lugares por onde
gostaríamos de estar ou em amores que esquecemos lá atrás, num passado não tão
distante assim. Pelo conjunto da obra e pelo excelente cantor que é, Noite Azul merece todos os ouvidos,
todas as palmas e todos os méritos por ter lançado um disco tão caprichado, tão
harmonioso e com uma qualidade sensacional. Nos dias de hoje, com tanta
aberração musical, não há nada melhor do que ouvir um dos melhores CDs do ano
de 2015, na voz imaculada de um dos maiores cantores do Brasil (que precisa ser
(re)descoberto), Luiz Marques.
Noite Azul
(2015) / Luiz Marques
Nota 10
Marcelo
Teixeira
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